O "mestre" da maratona voltou a superar-se, agora aos 85 anos
"Sim, já são velhos. Mas eu também o sou, por isso fazemos uma boa dupla." Edward Whitlock continua a desafiar os limites da idade. Aos 85 anos, o veterano maratonista, que não troca de ténis há 15 anos, pulverizou o recorde mundial da sua faixa etária, ao terminar a Maratona Scotiabank Toronto Waterfront, no Canadá, em três horas, 56 minutos e 33,2 segundos.
O maratonista, nascido em Londres mas a viver há várias décadas no Canadá, retirou 34 minutos à anterior marca mundial para atletas de mais de 85 anos. "Queria correr em três horas e 50 minutos, mas tive alguns problemas na segunda parte da corrida", contou o multicampeão, que é neste momento detentor de 36 marcas mundiais em provas para veteranos no atletismo.
Ed, que é também conhecido como "mestre" entre os colegas, nunca teve treinador, preparador físico ou representante. O atleta começou a correr na adolescência, mas decidiu parar aos 20 anos, para se dedicar ao curso de engenharia, após se ter tornado um especialista nos corta-matos escolares e corridas universitárias.
Após 20 anos dedicados à engenharia, decidiu voltar a conciliar a corrida com a profissão. Aos 41 anos, voltou a apostar em maratonas, destacando-se à medida a que subia de escalão etário. Aos 72 anos, em 2003, fez história, ao tornar-se o primeiro homem de mais de 70 anos a conseguir correr a maratona em menos de três horas.
Embora a maratona seja a sua preferência, Ed também já somou recordes noutras especialidades. Em 2012, estabeleceu um novo recorde numa meia-maratona, em Londres, mas a marca não foi reconhecida como oficial, por se tratar de uma prova amadora. Ainda assim, dos 1500 aos 10 000 metros, o veterano fundista detém marcas mundiais em todos os escalões a partir dos 65 anos.
Todas as manhãs, Ed sai à rua para correr. "Só corro na rua, nunca em máquinas", conta o fundista, que admite que com o passar dos anos começa a sentir dificuldades. "Tenho sobretudo dores nos joelhos, que me causam problemas", explica, sem planos para abandonar a corrida.
"Não quero parar, quero correr até não conseguir mais." De preferência, sempre com os ténis que o acompanham desde que, em 2003, bateu o emblemático recorde. "São bons. A minha camisola também me acompanha há 30 anos", realçou.
Os escalões etários na maratona chegam até aos 100 anos - Fauja Singh conseguiu, em 2011, precisamente aos 100 anos, estabelecer a marca mundial de 8 horas, 25 minutos e 17 segundos, já depois de ter fixado o recorde de 5:04.01 no escalão de mais de 90 anos. "Não sei até que idade vou correr, mas vou sempre tentar ir mais longe. Cada corrida terminada motiva ainda mais para a próxima", rematou Whitlock.