O melodrama segundo Moretti

<em>Minha Mãe</em>, de Nanni Moretti
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Sem rodeios: Minha Mãe é um dos grandes filmes do ano. E é-o, precisamente, em negação com uma ideia de grandeza ofuscante ou espetacularidade. Um encontro intenso com o cinema de Nanni Moretti, sobretudo aquele da matriz mais íntima, de O Quarto do Filho (2001), conquanto não deixe de existir na protagonista - que é o alter ego do cineasta e ator italiano - as suas fúrias egocêntricas dos filmes da primeira fase (como não recordar Palombella Rossa?).

Veja o trailer:

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A esteira autobiográfica seguida - o internamento e morte da mãe de Moretti, quando este terminava as filmagens de Habemus Papam, em 2010 - traz Giulia Lazzarini ao papel da figura materna e Margherita Buy como filha, uma realizadora em plena crise pessoal e profissional, ligada a essa perda iminente. Moretti, desviado do protagonismo, é o irmão de Margherita, um apoio sereno para ambas as figuras femininas. É ele que vai preparando o terreno da aceitação.

Margherita, em combate permanente com a realidade, está também a rodar um filme sobre a agitação dos trabalhadores de uma fábrica: a dor privada e o seu reflexo universal. É prodigioso.

Classificação: *****

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