O mágico português que dá cartas no mundo... e na Google

Hélder Guimarães, natural do Porto, é uma das maiores referências atuais do ilusionismo
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"Foi uma decisão um bocadinho doida", confessa ao DN o mágico natural da freguesia portuense de Miragaia. Hélder Guimarães, de 33 anos, mudou-se há quatro para Hollywood para estar mais perto das grandes oportunidades naquela que é a sua arte desde o berço - o ilusionismo. Curiosamente, um convite que foi obrigado a recusar abriu-lhe as portas da primeira divisão do ilusionismo. "Estava no aeroporto de Frankfurt e recebi um email da Google. Queriam que eu atuasse na festa anual da empresa. Acabei por não conseguir fazer o espetáculo por uma questão burocrática de vistos", relembra o mágico.

Depois de um período de reflexão, decidiu arriscar e mudou-se para Los Angeles com a namorada. "Mal cheguei lá fiz a primeira versão do espetáculo que acabou por estar em Los Angeles durante quatro meses e em Nova Iorque, na Broadway". conta. Nothing to Hide, criado em parceria com Derek DelGaudio, foi dirigido pelo ator norte-americano Neil Patrick Harris (o Barney da série Foi Assim que Aconteceu).

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Do Japão a Inglaterra, da Argentina a França, Helder Guimarães já atuou um pouco por todo o mundo. "O que mais me atrai é chegar a um sítio e compreender como é que os públicos reagem de forma diferente às coisas". Em 2006, tornou-se Campeão Mundial de Magia com Cartas, prémio atribuído pela FISM (Federação Internacional de Sociedades de Magia). "As portas abriram-se e comecei a ter contatos um bocadinho por todo o lado", relembra. Em 2011 e 2012, o seu trabalho foi reconhecido pela Academy of Magical Arts de Hollywood. Hélder recebia o galardão Parlour Magician of the Year (Mágico de Salão do Ano), o equivalente ao Óscar das artes da ilusão.

A magia está-lhe no sangue. O pai, José Manuel Guimarães, engenheiro eletrotécnico de profissão e mágico nas horas vagas (Jomaguy, nome artístico), foi a sua primeira inspiração. "O meu pai fazia - e ainda faz - magia como passatempo. Foi a partir daí que tudo começou", conta. Com apenas quatro anos, já animava as festas de Natal do infantário. "Fiz um número muito básico com uma caixa. Dizia as palavras mágicas, abria a caixa e apareciam rebuçados. Fui o herói do infantário durante bastante tempo (risos)".

A magia com cartas é sua especialidade. Fazer desaparecer a estátua da Liberdade, um dos míticos números feitos por David Copperfield, ou outros truques de dimensões mais arrojadas, não estão nos seus planos. "Não tenho grande interesse nisso. Gosto muito mais de usar a magia de outra forma, mais intelectual do que espectacular", afirma Hélder Guimarães, que vai estar hoje (e até dia 23) em cena no Teatro da Trindade, em Lisboa, com o espetáculo Verso.

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