O lugar onde até a cela de Camilo conta a história da fotografia
Podemos falar de Camilo, hoje que é Dia Mundial da Fotografia? Naturalmente, se o assunto for o Centro Português de Fotografia (CPF), que desde 1997 funciona na Cadeia da Relação, no Porto. No espaço que outrora foi a cela de Camilo Castelo Branco há agora câmaras que fizeram a história da fotografia - como L"Escopete, uma raridade, patenteada em 1888, dois anos antes da morte do escritor.
As enxovias, que amontoaram os presos do Porto durante quase dois séculos, são hoje amplas e luminosas salas, que por estes dias acolhem quatro exposições; do Prémio Estação Imagem Viana 2015, com o contributo de fotojornalistas, a mostras de estudantes de mestrado em fotografia, como o Projeto 15.
No CPF, o visitante é, a cada passo, surpreendido por imagens com história. Por imagens que contam muitas histórias - seja um postal de boas-festas de Aurélio da Paz dos Reis de inícios do século XX, que tem a filha como modelo, ou rostos expressivos em grandes dimensões de gente que esteve encarcerada na Cadeia da Relação.
Antes de abrir portas em 1997, como polo de arquivo e difusão da fotografia em Portugal, este emblemático edifício do século XVIII, onde além de Camilo, preso por adultério, que lá escreveu Memórias do Cárcere, estiveram também o salteador Zé do Telhado e o burlão Alves dos Reis, abandonou a sua função original como tribunal-prisão logo após o 25 de Abril de 1974 e chegou até a servir de domicílio clandestino a famílias de retornados e, mais tarde, de etnia cigana.