O lago e o charco

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Estivemos, nesta semana, entre o lago e o charco. O mesmo homem que de manhã andou nas bocas de todo o mundo, por causa de um microfone atirado para o lago, resgatou-nos ao fim do dia do charco da vergonha. Por três vezes estivemos a perder, por três vezes estivemos eliminados. Sejamos realistas: independentemente dos seus méritos, Islândia, Áustria e Hungria não têm fama nem futebol que justifique tamanha provação. Sobretudo para quem quis assumir uma candidatura na crença de uma ida à final. Vamos aos poucos, OK? Sem stress, sem ambições, sem fanfarronices. Agora, já hoje, os croatas, com muito melhores jogadores do que os três adversários anteriores. E com uma belíssima equipa, como viram os espanhóis.

Esperemos que não seja precisa uma vintena de remates para fazer um golo. Esperemos que o nosso melhor, Cristiano Ronaldo, mostre todo o seu futebol sem necessidade de ser espicaçado, qual touro enraivecido que entra na arena a espumar. Foi assim com a Suécia, no play-off de acesso ao Mundial do Brasil de 2014, naquela noite fria de Estocolmo, em novembro do ano anterior. Lembram-se do vudu da Pepsi sobre Ronaldo, num polémico anúncio feito pela marca para o mercado sueco? Resultou.

Lembram-se de tudo o que se escreveu de CR7 agora? Que era arrogante, malcriado, uma vedeta. Piquem-no, espevitem-no, digam mal dele. Ele em campo resolve. E nós cá estamos para aplaudir. Sem ignorar, contudo, que um capitão da seleção tem obrigações de civismo e de urbanidade. A sua melhor resposta tem de ser com aquilo que melhor sabe fazer. Aí ele é um génio. Quando perde a cabeça fora das quatro linhas, não há desculpa possível. Mesmo que muitos jornalistas achem que aquele microfone "estava a pedi-las..."

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