O Justiceiro está de regresso, sem Hasselhoff e no digital

Uma nova versão da popular série da década de 1980 protagonizada por David Hasselhoff estreia-se no próximo ano pelas mãos do realizador de Star Trek: Além do Universo
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"KITT, vem-me buscar." Vai voltar a ouvir-se esta célebre frase em 2017, com a agora anunciada nova adaptação de O Justiceiro, a série norte--americana de culto da década de 1980 que catapultou o ator David Hasselhoff, o protagonista, para o mediatismo à escala global. Apesar de o projeto ainda estar numa fase embrionária, sabe-se já que o remake da trama de sucesso tem estreia agendada para 2017 e será exibido apenas no mundo digital.

Uma vez que uma das produtoras da nova adaptação é a Machinima, que tem uma parceria com o YouTube, a imprensa internacional especula que a nova temporada do renovado O Justiceiro será transmitida nesta plataforma de vídeos. Justin Lin, o realizador de filmes como Star Trek: Além do Universo e Velocidade Furiosa 6 será o principal responsável pela produção.

"O Justiceiro é um franchise icónico, cujas conceções de inteligência artificial e de veículos autónomos eram ficção científica nos anos 1980. Agora são factos científicos", começa por explicar o diretor da produtora Machinima, Chad Gutstein. "Justin Lin é um dos principais contadores de histórias da sua geração e não poderíamos estar mais entusiasmados em trabalhar com ele nesta missão de revigorar O Justiceiro para uma nova leva de fãs", acrescentou o responsável em comunicado.

A série de ação e ficção científica estreou-se em setembro de 1982, na NBC, e prolongou-se durante quatro anos e outras tantas temporadas. Em Portugal, a série em torno do detetive policial Michael Knight e da sua luta contra o crime e a injustiça - com a ajuda do seu sofisticado e inteligente carro KITT (acrónimo para Knight Industries Two Thousand) - foi exibida na RTP e depois na TVI. O êxito da trama levou a uma linha de merchandising em que se incluíam brinquedos, carros KITT em miniatura telecomandados ou videojogos.

Remake desiludiu

Apesar do sucesso comercial da série original, o remake televisivo da trama, em 2008, apesar de se ter mantido nas mãos do mesmo criador, Glen A. Larson, ficou aquém das expectativas. Sem David Hasselhoff no papel principal, a série exibida entre nós no Syfy tinha em Mike Traceur (interpretado por Justin Bruening), o filho desconhecido de Michael Knight, o seu protagonista. Também o carro usado era diferente nesta versão moderna, deixando o original Pontiac Trans Am e substituindo-o por um Mustang Shelby GT500, que também falava e conduzia sozinho. A voz do veículo deixou de ser de William Daniels e passou para a responsabilidade do ator Val Kilmer.

Todas as mudanças neste O Justiceiro parecem não ter agradado ao público nos EUA, o que levou a uma perda de audiência constante ao longo da primeira temporada. A NBC, que tinha originalmente encomendado 22 episódios, apercebeu-se dos números e encurtou os capítulos para 17, cancelando uma segunda temporada.

Ator prefere KITT a Marés Vivas

Curiosamente, David Hasselhoff não terá nada que ver com a nova adaptação de O Justiceiro, mas contou à revista Variety como idealizaria um novo remake da série dos anos 1980. "Acho que faz mais sentido uma continuação da história, acrescentando novas personagens mas mantendo o mesmo espírito da série original. Tenho a certeza de que muitas pessoas iam ficar loucas e contentes com a ideia. Acho que era giro o Michael Knight sair da reforma com o seu filho e protagonizarem aventuras à volta do mundo. Uma espécie de Velocidade Furiosa mas com o carro de O Justiceiro. Não era genial?", atirou o ator norte-americano de 64 anos. Outra das séries que marcaram a sua carreira na TV, Marés Vivas, está de resto a ser preparada para uma nova adaptação, sem a sua participação.

É também interessante a forma oposta como David Hasselhoff olha para estas duas séries que protagonizou, conforme contou numa outra entrevista, neste ano, ao jornal britânico The Guardian. "Muitos dos episódios de Marés Vivas eram pirosos. Uma vez tive de afugentar uma enguia... Sempre achei que O Justiceiro fosse interessante. Mesmo estando eu a falar sozinho para um carro, nunca se traduziu, no produto final, numa situação foleira. Tentei o máximo possível dar um elemento real à série. Trinta anos depois, tudo se concretizou", frisa o ator.

E conta: "Recentemente, andei no carro automático da Google. Foi-me buscar ao aeroporto e quando eu entrei disse-me: "Tire as mãos do volante"." Depois levou--me ao meu hotel. Este carro vai ser uma realidade muito em breve. Em dez anos, vão estar em todo o lado", revelou Hasselhoff, que ainda não se pronunciou sobre esta nova adaptação para o mundo digital do fenómeno televisivo que ajudou a criar.

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