O jogo está apenas a começar
Se é dos que pensam que a febre do Pokémon Go resulta apenas de um jogo tonto, que junta gente tonta nas ruas, pare aqui. Eu, caçadora de Pokémons, quase desde a hora do lançamento, me confesso. Já fiz caminhadas de uma hora atrás destes bichos que, até aqui, me passaram completamente ao lado, pois quando apareceram já eu tinha 25 anos, e outros entreténs. Pelo divertimento, pela experiência, pela interação com o mundo real e pela forma como a realidade aumentada pode transformar qualquer local do mundo num parque de diversões.
Mas o Pokémon Go é mais do que isto. Já é um fenómeno que fez disparar as ações da Nintendo na Bolsa - uma valorização superior a 100% -, que vale, agora, mais do que a sua concorrente direta, a Sony. É, sem dúvida, o jogo mais viral para smartphones de sempre, motivou um manual de instruções da polícia portuguesa (PSP), deu lugar aos episódios mais bizarros, cómicos, estúpidos e perigosos. Mas não só.
Ontem, poucos dias após o lançamento do Pokémon Go em Portugal, chegou à minha caixa de correio um press release do Município de Braga: "O Município de Braga irá promover na quarta-feira da próxima semana, dia 27 de julho, pelas 18h30, uma Lure Party - Pokémon Go na Praça do Município." O objetivo, segundo o mesmo comunicado, "passa por aproveitar as funcionalidades de georreferenciação do jogo, que rapidamente conquistou adeptos em todo o mundo, para divulgar o património histórico da cidade". Braga, uma das cidades mais propícias à inovação e ao empreendedorismo, percebeu imediatamente que a viralidade do jogo pode ser aproveitada para outros fins. Neste caso, aproximar o público jovem, principal utilizador do jogo, e o património histórico da cidade. Haverá uma rota, Pokéstops e um mapa físico com informações sobre cada local escolhido. Este é apenas um exemplo da potencialidade do jogo Pokémon Go, que, no caso, utiliza o entretenimento, alia a vertente lúdica e a pedagógica. Agora, imagine o potencial comercial que poderá estar por detrás deste jogo da Nintendo. O McDonald"s fez uma parceria para o Japão, transformando milhares dos seus restaurantes em ginásios para Pokémons. A primeira aliança, que permite vislumbrar o modelo de negócio do jogo.
No caso do Pokémon, os utilizadores entram em contacto com algo desejável e divertido, são submetidos a uma experiência agradável, da qual retiram utilidade. Não é isso que as marcas querem, melhorar a experiência do utilizador, cativá-lo, diverti-lo e contactá-lo sem que ele sinta sinais de intrusão? Os robôs e a inteligência artificial estão a entrar, sem pedir licença, nas nossas vidas. É, precisamente, na forma como será esculpida a relação com os humanos que está o segredo. Atente-se à evolução do Pokémon Go.