O Japão, enquanto único país a ter experimentado o horror da devastação nuclear em guerra
Há 75 anos foram largadas bombas atómicas sobre a cidade de Hiroxima e sobre a cidade de Nagasáqui, privando, segundo se diz, mais de 200 mil pessoas das suas vidas preciosas. Reduziu as cidades a cinzas e - sem a mínima misericórdia - privou as pessoas dos seus sonhos e do seu futuro brilhante. Aqueles que escaparam à morte sofreram horrores indescritíveis e mesmo hoje há pessoas que sofrem com os efeitos a longo prazo das bombas atómicas.
As tragédias de Hiroxima e Nagasáqui provocadas por armas nucleares não podem repetir-se nunca. Sendo o único país que viveu numa guerra o horror da devastação nuclear, o Japão vai prosseguir incansavelmente os esforços para a existência de um mundo livre de armas nucleares. Esta é a missão inabalável do Japão e o Japão vai promover o conhecimento e a compreensão sobre as trágicas realidades dos bombardeamentos atómicos e defender - implementar - os Três Princípios do Não Nuclear: não possuir armas nucleares, não as produzir e não permitir a sua entrada no país.
Em 2018 o senhor António Manuel de Oliveira Guterres, primeiro secretário-geral das Nações Unidas português, esteve presente na septuagésima terceira cerimónia Nagasaki Peace Memorial. O secretário-geral Guterres depôs uma coroa de flores e fez um discurso como convidado no qual introduziu o desarmamento na agenda lançada em maio e fez um apelo sobre a importância dos esforços relativos ao desarmamento nuclear, exprimindo o compromisso de fazer de Nagasáqui o último lugar da Terra a sofrer a devastação nuclear.
Neste ano celebramos o quinquagésimo aniversário da entrada em vigor do Tratado de Não Proliferação das Armas Nucleares (TNP). Neste ano celebra-se também o vigésimo quinto aniversário da sua vigência perpétua. O Japão regozija-se muitíssimo com a contribuição inestimável do Tratado de Não Proliferação das Armas Nucleares para a consolidação e a manutenção da paz e da segurança internacionais como a pedra angular do desarmamento nuclear e do regime de não proliferação.
Nos últimos anos o ambiente de segurança tornou-se crescentemente agreste a nível global. A comunidade internacional enfrenta a ameaça crescente de proliferação de armas de destruição massiva, a divergência de pontos de vista sobre o desarmamento nuclear e o maior distanciamento entre as posições das nações relativamente a este assunto.
Contra este pano de fundo, o Japão está determinado a construir uma ponte entre Estados possuidores de armas nucleares e Estados não possuidores de armas nucleares, promovendo com tenacidade o diálogo e obtendo uma cooperação recíproca liderando os esforços realizados pela comunidade internacional.
Quero concluir esta mensagem com as minhas orações, do fundo do coração, pelo descanso das almas das vítimas; os meus sentidos pêsames às famílias enlutadas e sobreviventes afetados pelas bombas atómicas.
Acredito profundamente ser nossa responsabilidade, nós que vivemos no presente, conseguir um mundo livre de armas nucleares. Esta é a única maneira de corresponder aos sentimentos dos inúmeros espíritos das vítimas das bombas atómicas.
Embaixador do Japão