O que é o Irão? Está nas enciclopédias que a República Islâmica do Irão foi instaurada há 40 anos tendo derrubado a monarquia do xá Reza Pahlevi. Um regime assente no ramo xiita do islão, em que a principal figura do Estado, o guia supremo (primeiro o ayatollah Khomeini, hoje o seu sucessor, Ali Khamenei), é também a mais importante figura religiosa. Até há poucos dias o território do Irão equivalia aos 1 628 771 quilómetros quadrados do território (segundo a Britannica) - o 17.º maior país em superfície..Estes números, porém, não são os verdadeiros para os homens do regime. Há muito mais Irão, garantem, não escondendo que a sua política expansionista serve ao mesmo tempo para ameaçar Israel e Arábia Saudita. Há dias, o ayatollah Ahmad Alamolhoda, num sermão transmitido pela TV, disse: "O Irão de hoje não é só o Irão. Não está limitado por fronteiras geográficas. Hoje, as Unidades de Mobilização Popular no Iraque são o Irão. O Hezbollah no Líbano é o Irão. O Ansar Allah [os houthis] no Iémen é o Irão. A frente nacional na Síria é o Irão. A jihad Islâmica da Palestina e o Hamas na Palestina são o Irão. Todos eles se tornaram Irão.".A prédica ganhou contornos ainda mais ameaçadores para os países com que Teerão tem abertamente relações de inimizade. "Hoje, o Irão é a resistência na região. Isto significa que se passarem a nossa fronteira, Israel transformar-se-á em pó em meio dia", disse, para gáudio da assistência, que gritava palavras de ordem como "Morte à América! Morte à Inglaterra! Morte aos hipócritas e aos infiéis! Morte a Israel!" As ameaças estenderam-se ao reino de Saud. "O sul do Líbano não é o Irão? O Hezbollah não é o Irão? Os drones enviados pelo Iémen e que causaram danos à Arábia Saudita - o Irão não estava lá? Dizem que [os drones] vieram do norte e não do sul. Sul ou norte, que diferença faz? O Irão está tanto a sul como a norte.".Como recorda o major-general israelita Yaakov Amidror, a guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah terminou com uma resolução da ONU com medidas para reforçar a soberania libanesa em relação ao grupo patrocinado pelo Irão e para prevenir o seu crescimento. "Mas a realidade tem sido completamente diferente. O Líbano hoje é completamente dominado política e militarmente pelo Hezbollah, não pelo governo ou exército libanês - tanto assim que o Irão está a avançar para uma nova fase centrada menos no aumento da quantidade de armas do que na melhoria da sua qualidade", escreveu no site Israel Hayom..Após um ataque terrorista na Bulgária, em 2012, que matou cinco israelitas e um búlgaro, o braço armado do Hezbollah passou a ser considerado organização terrorista pela União Europeia. Uma distinção criticada pelos Estados Unidos e Israel, porque alegam que a organização não está dividida entre braço político e braço armado, tal como o vice-secretário-geral do Hezbollah, Naim Qassem, um dia admitiu.."As potências mundiais devem prestar atenção. O que o Irão conseguiu no Líbano com o Hezbollah oferece-nos uma visão clara do futuro. O mesmo acontecerá nos próximos anos, noutras partes da região, se a comunidade internacional não conseguir travar o desenvolvimento de forças militares por procuração do Irão em todo o Médio Oriente", concluiu Amidror..Consequências da guerra preocupam Salman.Como que em coro com o militar israelita, o príncipe saudita Mohammed bin Salman apelou para que o mundo se una para deter o Irão. "Se o mundo não tomar medidas fortes e firmes para deter o Irão, veremos novas escaladas que ameaçarão os interesses mundiais", disse em entrevista ao programa 60 Minutes, da CBS. O homem que foi apontado pela CIA como o responsável pelo assassínio do ativista e colunista do Washington Post Jamal Kashoggi, disse que preferia uma solução pacífica ao "ato de guerra" que o país sofreu com o ataque a duas instalações petrolíferas. Porquê? Porque uma guerra regional iria levar a economia global a um colapso, alega o líder de facto da Arábia Saudita..Destruição de Israel ao alcance do Irão.A ameaça não vem só do Hezbollah. O exército ideológico da República Islâmica do Irão, os Guardas da Revolução, mantém um discurso belicista. Para o comandante-chefe dos Guardas da Revolução, a destruição de Israel "não é mais um sonho, mas um objetivo ao alcance". As palavras foram proferidas pelo major-general Hossein Salami na segunda-feira.. Salami afirmou que hoje, 40 anos volvidos da revolução islâmica, o país tem "a capacidade de destruir" Israel, ou nas suas palavras, "o regime sionista impostor". "Na segunda fase da revolução, esse regime sinistro deve ser eliminado do mapa e isto não é mais um ideal ou um sonho, mas uma meta ao alcance", acrescentou, citado pela Sepahnews..As declarações surgem nas vésperas do ano novo judaico, que se celebra no domingo. Num discurso mais curial, o porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, Abbas Moussavi, desejou aos "compatriotas judeus e a todos os verdadeiros discípulos do grande profeta Moisés" um bom ano novo.