O impasse de Tim Burton
Um filme com vórtices temporais, e Tim Burton preso no próprio vórtice criativo. A Casa da Senhora Peregrine para Crianças Peculiares é prova da encruzilhada em que se situa a obra de um dos mais talentosos realizadores do nosso tempo, mestre do gótico.
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Partindo do livro homónimo de Ransom Riggs, que parece mesmo extraído do imaginário Burton, com argumento de Jane Goldman (que escreveu alguns X-Men), este novo título, ao mesmo tempo que não surpreende, não deixa de veicular deleite pela familiaridade.
É uma relação complicada. Fazer-nos seguir a narrativa de Jake, um rapaz a quem o avô incutiu uma estranha curiosidade sobre um lugar onde vivem crianças com dons especiais, sob a proteção da famosa Sra. Peregrine, é um artifício prodigioso de Burton.
Ele sabe conduzir-nos às sucessivas revelações do sombrio palco de acontecimentos com uma facilidade, lá está, peculiar... Mas tal como na história temos uma realidade paralela, onde vivem as simpáticas figuras presas a um dia da sua vida que se repete ad infinitum, também Burton está num impasse entre a sua arte e a cedência à indústria.
Classificação: **