O filme sobre Benghazi que os republicanos estão a usar contra Hillary

'13 Horas: os Soldados Secretos de Benghazi' estreia dia 28 em Portugal, mas os adversários já o exibem para atacar a favorita democrata
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Hillary Clinton diz estar "demasiado ocupada com a campanha" democrata para as presidenciais de novembro nos EUA para ir ver 13 Horas: os Soldados Secretos de Benghazi. Já Donald Trump, não hesitou em alugar um cinema no Iowa - que lança as primárias já a 1 de fevereiro - e oferecer bilhetes aos eleitores republicanos para irem ver o filme de Michael Bay sobre o ataque ao consulado americano na Líbia que em setembro de 2012 fez quatro mortos americanos, entre eles o embaixador Chris Stevens.

É verdade que o filme de Bay não menciona Hillary Clinton, que em 2012 era secretária de Estado. Na altura, a chefe da diplomacia de Barack Obama assumiu a responsabilidade política pela falha de segurança que permitiu o ataque. Mas, sobretudo desde que a ex-primeira- -dama anunciou a intenção de voltar a entrar na corrida à nomeação democrata para a Casa Branca, depois de ter perdido em 2008 para Obama, choveram críticas à sua gestão da situação em Benghazi. E no ano passado, Hillary foi ouvida durante mais de 11 horas pela Comissão da Câmara dos Representantes que está a investigar o ataque de 2012, sem que ficasse provada qualquer falha. Isto apesar de o embaixador Stevens ter pedido o reforço da segurança quando se mudou para Benghazi, em julho, mas o pedido foi negado pelo número dois do Departamento de Estado, Patrick Kennedy.

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Baseado no livro 13 Horas de Mitchell Zuckoff e protagonizado por John Krasinski na pele do SEAL da marinha Jack da Silva (nome falso a soar a português?), o filme (estreia em Portugal no dia 28) conta a história verdadeira dos seis membros de uma equipa de segurança que tenta salvar os americanos durante as 13 horas que dura o ataque dos islamitas ao consulado.

Aproveitamento político?

Com os republicanos a usarem o filme de Michael Bay como arma de arremesso contra Hillary, o realizador e alguns dos atores já vieram garantir que não têm qualquer agenda política. E a Paramount, o estúdio que produziu 13 Horas, garantiu não querer interferir na campanha, mesmo se a estreia mundial do filme foi em Dallas, no Texas, um estado conservador. Sem nunca mencionar Hillary ou Obama, 13 Horas: os Soldados Secretos de Benghazi é "tão apolítico quanto pode ser", garantiu ao New York Daily News Christian Toto, crítico de cinema ligado à direita.

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O filme tem sido exibido em eventos de recolha de fundos organizados por grupos republicanos, como o America Rising ou Future45. "A estreia de 13 Horas vai reabrir o debate sobre Benghazi e dar a conhecer a um novo público os eventos daquela noite", explicou ao The Telegraph Brian Walsh, presidente da Future45. E no último debate entre candidatos republicanos, o senador Ted Cruz referiu 13 Horas para dizer: "Amanhã estreia um novo filme sobre a incrível coragem dos homens que lutaram pelas suas vidas em Benghazi e sobre os políticos que os abandonaram."

Já os apoiantes de Hillary saíram em defesa da ex-secretária de Estado. Num artigo na US News and World Report, o analista liberal David Brock garantiu: "Não há escândalo, há é uma caça às bruxas partidária." E mesmo que não venha fazer ninguém mudar de opinião sobre a favorita democrata às presidenciais, ver o ataque a Benghazi num grande ecrã vai mobilizar mais pessoas e é com certeza mais interessante do que assistir a horas e horas de audiência no Congresso.

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