O faz-tudo que inventou a poesia urbana colombiana

Publicado a
Atualizado a

Veterano da Guerra da Coreia, vendedor de frigoríficos, enciclopédias e livros de arte, cantor e manager de cantores de boleros, empresário da tau- romaquia, apresentador de rádio, crítico, editor e negociante de arte.

Mario Rivero foi tudo isso, mas também poeta. E foi nes- sa arte que se notabilizou, publicando mais de uma dúzia de livros num estilo directo e sem floreados, a que chamariam "poesia urbana" colombiana.

Fundador da revista Golpe de Dados, que dirigia desde 1972, morreu no domingo em Bogotá, vítima de crise cardíaca. Tinha 74 anos.

Nascido em 1935 em Envigado, próximo de Medellín, este filho de operário destacou-se no campo das letras em 1963, ao publicar Poemas Urbanos, livro que abriu caminho a uma nova corrente estética com os seus versos sobre a vida nas fábricas e o desemprego, os domingos aborrecidos e as aventuras sexuais com rapa- rigas que sonhavam uma vida melhor.

Em alguns dos seus poemas iniciais, como recorda o site Poetry International Web, o escritor dedicou-se ainda a assuntos como a conquista do espaço ou o assassí- nio do presidente John Kennedy, prenúncio de temas que viria a desenvolver nas suas longas baladas - sobre o revolucionário vietnamita Ho Chi Minh, o casal de assaltantes de bancos Bonnie e Clyde ou Perry Smith, um dos assassinos que foram imortalizados pelo livro A Sangue Frio, de Truman Capote.

Usando diálogos e citações de jornais, livros ou canções nos seus poemas para construir uma espécie de "colagem verbal" que se assumia como herdeira da poesia de Walt Whitman, Mario Rivero enveredaria mais tarde por um estilo mais filosófico e sentimental.

Distinguido com o Prémio Nacional de Poesia Eduardo Cote Lamus logo no ano em que deu à estampa Poemas Urbanos, Rivero publicou mais 13 obras, entre elas, as antologias Baladas (1980) e Mis Asuntos (1995), e a entrevista Porque Soy Poeta (2000).

O poeta Mario Rivero ficará ainda para sempre associado à chamada geração "Golpe de Dados", que inclui poetas como Aurelio Arturo, Fernando Charry Lara, Giovanni Quessep e Jaime García.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt