Rashida Tlaib.A defensora veemente dos imigrantes.Em 2016 foi notícia por ter sido expulsa, junto com outras 13 pessoas, do Detroit Economic Club, por ter interrompido o discurso do convidado. O orador era o candidato republicano à presidência. "Ele não gosta de Detroit. Ele não gosta de mais ninguém além de Donald Trump", disse a então congressista estadual..Até então esta mulher de 43 anos, a mais velha de 14 irmãos, filha de imigrantes palestinianos, destacara-se pela sua ação na comunidade. Depois de se ter licenciado em Direito trabalhou num centro de apoio social aos imigrantes. Em 2007, já conselheira política do congressista estadual Tobacman, foi por este desafiada a concorrer no seu lugar. Eleita, tornou-se a primeira mulher muçulmana na assembleia do Michigan - e dez anos depois, repetiu o feito no Congresso dos EUA, com Ilhan Omar..Posicionada à esquerda do Partido Democrata, a sua defesa dos direitos dos imigrantes, das minorias e das liberdades civis quase passou para segundo plano: desalojar Donald Trump da Casa Branca é o seu objetivo. Disse-o na sequência da sua eleição, com grande estrondo, ao replicar uma conversa que terá mantido com um dos seus dois filhos do casamento entretanto terminado: "Vamos chegar lá e destituir o filho da puta." Trump disse no dia seguinte que Tlaib se desonrou, bem como à sua família..Noutra frente foi rotulada de antissemita devido às suas posições críticas do governo israelita de Benjamin Netanyahu e na defesa de um boicote a Telavive..Ilhan Omar.A refugiada sem medo.Das quatro congressistas é a única naturalizada norte-americana. Nasceu na Somália, em 1982, a família refugiou-se no Quénia devido à guerra e, ainda criança, chegou aos EUA. Obteve a cidadania em 2000. Em resultado das declarações de Donald Trump a instar as congressistas a voltarem para os países de origem, não demorou muito até a imprensa lembrar que a mulher do presidente, Melania Trump, nascida na Eslovénia, só se tornou cidadã dos EUA em 2006, aos 36 anos, já casada com ele..Radicada em Minneapolis, no estado do Minnesota, Ilhan Omar começou a usar o véu islâmico após o 11 de Setembro como uma forma de exprimir a identidade cultural - e tornou-se a primeira pessoa em 181 anos a entrar no Congresso com a cabeça coberta, graças a uma alteração do regimento. Estudou Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade do Dakota do Norte, já então mãe de dois dos três filhos. No seu estado adotivo envolveu-se nas campanhas políticas locais até ser candidata à assembleia estadual, para a qual foi eleita em 2016, antes de concorrer, com sucesso, para o Congresso..Crítica de Israel, mas também da Arábia Saudita e de outros países do Médio Oriente, tem sido alvo de acusações de antissemitismo, até da líder da Câmara Nancy Pelosi; de manter ligações à Irmandade Muçulmana (com base no encontro com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan em 2017); e recebeu ameaças de morte. Mas nada disto a faz hesitar. Recebida no aeroporto de Minneapolis como uma heroína, afirmou: "Está toda a gente a falar sobre a ameaça a Trump porque o criticamos. Mas na realidade está sob ameaça porque estamos a inspirar as pessoas a sonhar com um país que reconhece a dignidade e a humanidade.".Alexandria Ocasio-Cortez.De empregada de mesa a sensação .Para esta nova-iorquina nascida no Bronx há 29 anos, Trump é "horrendo", mas é apenas o sintoma de uma sociedade com problemas mais profundos, da desigualdade de rendimentos ao racismo e à corrupção. "A destituição de Trump não vai suprimir a infraestrutura de todo um partido que o acolheu; do dinheiro oculto que o financiou; da radicalização online que animou o seu exército; nem o racismo que o amplificou e reanimou", escreveu no Twitter..Como Ayanna Pressley, Alexandria Ocasio-Cortez, ou AOC, é da ala socialista dos democratas. Filha de mãe porto-riquenha e de pai norte-americano com ascendência também de Porto Rico, estudou na Universidade de Boston e durante esse período foi estagiária na equipa do senador Ted Kennedy. Ao regressar a casa ajudou a equilibrar as contas da mãe, viúva, empregada de limpeza e motorista de autocarros escolares : trabalhou como empregada de mesa e de bar enquanto se envolveu em programas educativos na comunidade..Em 2016 fez parte da campanha das primárias democratas de Bernie Sanders e dois anos depois concorreu às primárias democratas para o Congresso: na campanha, que acumulou com o trabalho no bar, recusou donativos de empresas, mas ter recolhido dez vezes menos do que o adversário ("Ao receber dinheiro só dos trabalhadores podemos legislar para os trabalhadores", explicou) não a impediu de vencer. Eleita para o Congresso como o mais jovem de sempre, as suas propostas progressistas causaram sensação. Vista como o rosto da oposição, AOC tem exposto no Congresso as duras políticas migratórias na fronteira com o México. E, em sequência, tem sido um dos alvos preferidos do Grand Old Party..Ayanna Pressley.A negra que quebrou barreiras.Nasceu há 45 anos em Cincinnati, no Ohio, cresceu em Chicago, Illinois, e assentou em Boston, Massachusetts, onde se formou e iniciou a carreira política: primeiro com o congressista Joe Kennedy, depois com o senador John Kerry. Foi a primeira mulher negra eleita para a vereação de Boston (em 2009) e a primeira a representar o estado na Câmara dos Representantes (em 2018). Foi criada só com a mãe - o pai, toxicodependente, esteve preso - e revelou à Time que é uma "sobrevivente de quase uma década de agressão sexual na infância", além de ter sido violada quando frequentava a universidade. Daí que em Boston tenha instaurado programas de combate à violência doméstica e maus-tratos infantis, além de ter impulsionado a reforma dos programas escolares no que respeita à educação sexual e saúde reprodutiva..A Donald Trump chama de "ocupante" da Casa Branca. "Está só a ocupar o espaço. Ele não materializa os princípios, a responsabilidade, a honra, a integridade de um verdadeiro presidente." Sobre a controvérsia em que foi envolvida pelo presidente dos EUA, disse ao Boston Globe que está ansiosa pelo seu fim para se concentrar no combate à violência pelas armas de fogo, e em bater-se por mais habitação a preços acessíveis, cuidados de saúde universais e transportes públicos decentes.."Não precisamos de mais rostos castanhos que não querem ser uma voz castanha", afirmou no sábado passado, o que lhe valeu envolver-se noutra polémica. Foi acusada de racismo pela republicana Liz Cheney.