"O Diogo Dalot vai ter a vantagem de ir trabalhar com um treinador português"

Aos 19 anos, o defesa do FC Porto vai mudar-se para o Manchester United. Em 1997, com a mesma idade, Boa Morte rumou ao Arsenal e lidou com "todas as dificuldades". "Agora dão todas as condições aos jovens", garante
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Diogo Dalot está a poucas horas de ser anunciado como jogador do Manchester United, de José Mourinho. O defesa direito de 19 anos termina assim uma ligação de dez anos ao FC Porto, clube que irá arrecadar 20 milhões de euros, o valor da cláusula de rescisão.

É todo um mundo novo que se abre ao jogador nascido em Braga e que nesta época foi lançado na equipa principal dos portistas pelo treinador Sérgio Conceição. Luís Boa Morte foi um dos primeiros jovens jogadores portugueses a rumar ao futebol inglês. Tinha também 19 anos quando, em 1997, após uma época emprestado ao Lourinhanense, o Sporting o transferiu para o Arsenal, onde Arsène Wenger estava a iniciar a segunda de 22 épocas no comando dos londrinos.

"O Diogo Dalot vai ter a vantagem de ir trabalhar com um treinador português", começou por dizer Boa Morte ao DN, recordando as dificuldades nos seus primeiros tempos em Londres: "Apanhei todas as dificuldades e mais algumas. Naquela altura a forma de trabalhar era diferente, agora dão todas as condições para um jogador render. No meu tempo, era raro os clubes ingleses contratarem jogadores estrangeiros jovens, e portugueses ainda menos."

Luís Boa Morte olha para a realidade que Diogo Dalot vai encontrar de forma mais otimista. "A atual geração de jogadores é diferente, estão mais bem preparados e, como tal, a adaptação é bem mais fácil", começou por dizer. Apesar de não conhecer pessoalmente o futuro jogador do Manchester United, Boa Morte está convencido de que se trata de "um jogador que gosta do que faz", ao contrário do seu tempo, em que "havia alguns que tinham jeito para o futebol mas não eram dedicados".

Ou seja, a dedicação ao trabalho assume neste novo contexto, longe da família, ainda maior preponderância, segundo o antigo futebolista do Arsenal. "Eu cheguei a Inglaterra e era tudo diferente. Por exemplo, o Dalot já jogou este ano no FC Porto, treinava com a equipa principal, jogou na equipa B ainda com a idade de júnior. Isso deu-lhe estaleca e é meio caminho andado para encarar a entrada no United", referiu o antigo extremo, que antes de rumar ao Arsenal nunca teve a oportunidade de trabalhar com a equipa principal do Sporting e tinha estado a jogar no Lourinhanense, então clube satélite dos leões.

"Há sempre risco"

Outro problema que Boa Morte diz não existir para Diogo Dalot é a adaptação ao idioma. "Quando lá cheguei falava pouco inglês, algo que hoje é inadmissível em futebolistas que passam pelos escalões jovens das seleções, por exemplo, que já têm essa obrigação". Já no que diz respeito à adaptação ao estilo de jogo, Boa Morte considera não haver motivo para preocupação, até porque "Dalot é um jogador forte fisicamente".

Atualmente são vários os atletas que deixam os clubes portugueses muito jovens e nem sempre as coisas correm como gostariam. Boa Morte assume que "há sempre risco em deixar tão cedo a zona de conforto". E, nesse sentido, deixa alguns conselhos: "Antes de tudo é preciso tentar perceber para que clube vai o jogador, quem terá para o apoiar. No entanto, a integração depende da inteligência com que se aborda a nova realidade e quem perceber mais depressa a nova mensagem, mais facilidade tem em se integrar."

No caso de Dalot, ter Mourinho como treinador será uma vantagem... "Qual é o jovem que não gostaria de jogar no Manchester United? Deus queira que tudo lhe corra bem", concluiu Luís Boa Morte.

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