O dilema Bruno Fernandes num leão em construção

Vender o melhor jogador para ter liquidez para reforçar o plantel. Leões regressam esta quinta-feira ao trabalho ainda com muitas indefinições na equipa. Carlos Xavier e Miguel Garcia, antigos jogadores leoninos, falam das expectativas e objetivos da equipa na nova época.
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O Sporting inicia esta quinta-feira a época 2019-20 com muitas dúvidas ainda por esclarecer quanto àquilo que será o desenho final do plantel às ordens do treinador holandês Marcel Keizer. É, portanto, um leão ainda numa fase inicial de construção, que vai iniciar a temporada 2019/20 à procura de um título de campeão que lhe foge desde a época 2001/02.

A maior incógnita é o capitão Bruno Fernandes, a grande estrela da equipa leonina na última temporada, durante a qual marcou 32 golos em 53 jogos. Ainda não é certo que o médio permaneça de leão ao peito, até porque a administração da SAD, liderada por Frederico Varandas, procura encaixar alguns milhões de euros com a venda de jogadores para poder garantir o reforço da equipa. E, nesse sentido, Bruno Fernandes é o futebolista leonino mais valioso e com mais mercado.

"Parece-me que vender o Bruno Fernandes e encaixar alguns milhões de euros é essencial para o Sporting garantir bons reforços. Bem sei que é um dos jogadores valiosos da Europa e que fez uma temporada espetacular, mas o dinheiro da sua transferência poderá permitir ir buscar outros futebolistas que acrescentem qualidade ao plantel", assumiu Carlos Xavier, antigo jogador leonino, ao DN.

O antigo defesa Miguel Garcia assume não saber como estão as finanças do Sporting, mas admite que a SAD "talvez precise de vender o Bruno Fernandes", o que levaria a que a equipa "perdesse qualidade". Mas, neste contexto, defende que "a gestão do clube é que irá definir o que é preciso fazer" para manter as contas equilibradas. A única certeza que existe neste momento é que o capitão leonino apresenta-se ao trabalho no dia 4 de julho, isto se até lá não for negociado...

Luís Neto e Vietto são as únicas caras novas

Se for consumada a venda de Bruno Fernandes, o Sporting ficará com liquidez para reforçar um plantel que, para já, tem apenas duas caras novas: o defesa-central Luís Neto, que chega do Zenit a custo zero, e o avançado argentino Luciano Vietto, que chega a Alvalade envolvido no acordo entre os leões e o Atlético de Madrid para a resolução do caso Gelson Martins, que há um ano rescindiu contrato na sequência do ataque a Alcochete.

Miguel Garcia não tem dúvidas de que Vietto, de 25 anos, "é um jogador que o Sporting precisava para o ataque". "Vai acrescentar mais qualidade, até porque considero que Raphinha e Diaby ainda estão algo instáveis e numa fase de adaptação àquilo que é jogar num grande clube", sublinhou o antigo defesa.

Carlos Xavier lembra que, nos últimos anos, Vietto "não tem jogado muito", mas acredita que "é um jogador de qualidade e, como tal, pode ajudar muito a equipa". Já sobre Luís Neto diz tratar-se de "um bom reforço, muito experiente", uma ideia partilhada por Miguel Garcia: "O Neto vai juntar-se a uma grande dupla de centrais, o Mathieu que é para mim o melhor central a jogar em Portugal, e o Coates que também é muito forte e, como tal, vai dar luta e poderá suprir alguma ausência mantendo a qualidade."

Numa altura em que o leão vai dar os primeiros passos nesta época 2019-20, são apenas certas as saídas de habituais suplentes, como o guarda-redes Salin para o Rennes e do médio Francisco Geraldes por empréstimo ao AEK Atenas. Entre aqueles que eram apostas de Kaizer para o onze, registo apenas para a quase certa saída do médio sérvio Gudelj, que tem encontrado muitas dificuldades em desvincular-se dos chineses do Guangzhou Evergrande.

Quanto a outras contratações, estará para breve a concretização do negócio com o Dijon pelo defesa-direito francês Valentin Rosier, de 22 anos, bem como do médio brasileiro Eduardo Henrique, de 24 anos, que na época passada se destacou ao serviço do Belenenses SAD, clube onde jogou por empréstimo do Internacional de Porto Alegre. Na calha estará também o médio ofensivo argentino Lucas Robertone (22 anos) que alinha no Vélez Sarsfield e que poderá ser o sucessor de Bruno Fernandes. Decorrem ainda negociações para garantir o regresso do jovem Rafael Camacho (19 anos) que tem contrato com o Liverpool.

O reforço Battaglia e as altas expetativas

Certo é que os leões vão poder voltar a contar com o argentino Rodrigo Battaglia, que na época passada sofreu uma grave lesão em novembro, que o o impediu de voltar a jogar. O médio está agora pronto para regressar ao trabalho e será, sem dúvida, um excelente reforço para o treinador Marcel Keizer, que vai iniciar a sua primeira temporada ao serviço do Sporting, depois de ter apanhado o comboio a meio (substituiu José Peseiro em novembro) e, mesmo assim, ter conquistado a Taça da Liga e a Taça de Portugal.

É partindo dessas conquistas, numa época transata muito conturbada e marcada pelos efeitos da invasão à Academia, em Alcochete, e a mudança de direção, que Carlos Xavier assume que ter "grandes expectativas" para 2019-20. "Depois de tudo o que aconteceu, a temporada passada acabou por ser muito positiva. Agora, o importante não será ganhar taças. O grande objetivo tem de ser o título", afirmou o antigo capitão leonino que, para isso, pretende que o Sporting tenha "um plantel coeso".

"Vai depender de como começar o campeonato. Se conseguir encarrilar e alcançar uma série de vitórias consecutivas logo de início poderá lutar com o Benfica e o FC Porto até final", sublinhou Carlos Xavier. Mais comedido é Miguel Garcia, que atribui a Benfica e FC Porto mais favoritismo. "Não sendo impossível, o título é um objetivo muito difícil para o Sporting, sobretudo se compararmos com os rivais que têm à sua disposição os milhões da Liga dos Campeões e das vendas de jogadores que fizeram, o que os deixa melhor preparados", assumiu, embora acredite que "a maior estabilidade que se prevê para este ano possa permitir melhores condições para lutar pela conquista do título".

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