O dia em que João Rocha e Pinto da Costa felicitaram o Benfica

"Acho que é não só uma grande vitória do Benfica mas também do futebol português", afirmou Pinto da Costa. "O Benfica chega à final com mérito. Estou contente", frisou o antigo líder leonino João Rocha
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A noite de 20 de abril de 1988 foi de festa para os 120 mil adeptos que encheram o Estádio da Luz, os milhões de benfiquistas espalhados pelo mundo e... não só.

Vinte anos depois de ter sido goleado em Wembley pelo Manchester United, por 1-4, o Benfica carimbou o regresso a uma final da Taça dos Campeões Europeus, ao bater o Steaua Bucareste por 2-0, em casa, na segunda mão das meias-finais da prova - duas semanas antes, na capital romena, as duas equipas tinham empatado a zero.

O treinador Toni, que substituiu o dinamarquês Ebbe Skovdahl a meio da temporada, montou uma equipa virada para o ataque, com o avançado sueco Mats Magnusson no lugar de Shéu, que tinha sido titular na primeira mão.

Os encarnados assinaram uma grande exibição durante a primeira parte, e foram para intervalo já a vencer por dois golos, ambos da autoria de Rui Águas, aos 23 e 33 minutos, na sequência de lances de bola parada. O segundo tempo não teve tanta qualidade, porque os romenos cedo pareceram reconhecer que estavam condenados a cair, e porque o Benfica quis gerir a vantagem, embora tivesse disposto de oportunidades para a dilatar, numa noite em que o capitão Diamantino também brilhou.

O apito final do árbitro francês Michel Vautrot deu o pontapé de saída para a festa, que se estendeu pelas ruas de várias cidades. "O Benfica na Europa não pode ser uma aposta pontual, mas para sempre, porque o Benfica tem, forçosamente, de ser um dos grandes da Europa. É pena o Real Madrid não estar na final, pois foram eles e nós que mais prestígio demos à Taça dos Campeões", atirou Toni.

"Estou muito feliz, como todos os portugueses. Acho que foi um extraordinário jogo de futebol, tendo o Benfica merecido, sem dúvida, a qualificação. Só tive pena que o resultado não tivesse a expressão do domínio do Benfica. A equipa romena chegou a entrar em pânico. Apesar de ser muito boa, nunca se entendeu com o Benfica", afirmou o então primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva, que assistiu ao encontro na Luz.

Mais surpreendente (nos dias de hoje...) foi o depoimento de Jorge Nuno Pinto da Costa, que já era presidente do FC Porto mas que estava no reduto das águias a convite da direção do Benfica. "Acho que é não só uma grande vitória do Benfica mas também do futebol português, que tem a possibilidade de, em dois anos consecutivos, trazer para Portugal a Taça dos Campeões Europeus. Em Estugarda, acredito que o Benfica possa vencer, tem uma grande experiência de finais que joga a seu favor. Estou convencido de que a Taça não vai escapar ao Benfica", frisou na altura o líder portista.

Depoimento semelhante deu o ex-presidente do Sporting João Rocha. "O Benfica jogou com uma defesa muito coesa, não dando hipóteses aos romenos. Tecnicamente, o Steaua é forte, mas a verdade é que não conseguiu entrar... e o Benfica chega à final com mérito. Estou contente", afirmou o histórico dirigente leonino, que também assistiu ao encontro na Luz.

Veloso falhou penálti na final

Estávamos na época seguinte à do primeiro título europeu do FC Porto, e o sonho de voltar a conquistar o Velho Continente tornou a estar próximo para o emblema da águia, que afastou os albaneses do Partizani Tirana, os dinamarqueses do AGF Aarhus e os belgas do Anderlecht antes de medir forças com o campeão continental de 1985-86.

Depois veio a final de Estugarda, em que um nulo no final do prolongamento, diante do PSV Eindhoven, levou a decisão para as grandes penalidades. Os holandeses foram mais felizes nesse capítulo e venceram por 6-5, tendo Veloso falhado o penálti decisivo.

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