O controverso juiz Kavanaugh já tem um pé no Supremo

Depois da senadora republicana Susan Collins, Joe Manchin, democrata de West Virginia, veio anunciar que recusa a linha do seu partido e vota pela nomeação. O juiz acusado de abuso sexual deve ser amanhã eleito
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Havia duas dúvidas, agora já não há nenhuma. No início desta noite, hora de Lisboa, a senadora republicana do Maine, Susan Collins, disse que ia votar a favor da nomeação de Brett Kavanaugh para o Supremo Tribunal dos Estados Unidos.

Minutos depois, o democrata Joe Manchin repetia o veredicto, contrariando as indicações do seu partido. O juiz, suspeito de abusos sexuais, pode ocupar o cargo já amanhã.

Kavanaugh recolhe assim 52 votos a favor contra 48. No mês passado, a candidatura apoiada pelo presidente Donald Trump tornou-se particularmente polémica, depois de a professora universitária Christine Blassey Ford o ter acusado de violação no verão de 1982, quando ambos eram adolescentes.

"Acredito que ela tenha sido realmente vítima de um ataque sexual e que esse trauma tenha condicionado a sua vida", disse a senadora Collins, que há semanas tinha pedido umas semanas de pausa no processo para falar com Ford.

"Ainda assim, nenhum dos acontecimentos daquela noite pode ser imputado ao juiz Kavanaugh."

O relatório que o FBI elaborou sobre o caso acabou por ser também ele inconclusivo. As declarações da republicana foram adiadas pelos protestos anti-Kavanaugh que decorriam à porta do Senado.

O anúncio é um rude golpe para o partido democrata e para grupos de defesa dos direitos das mulheres. Kavanaugh tem sido acusado de por em causa a jurisprudência do processo Roe contra Wade - e assim querer limitar o direito à interrupção voluntária da gravidez.

Em 1973, o Supremo Tribunal contrariou a decisão de um tribunal do Texas, criando assim o precedente para a legalidade do aborto em todo o país.

O caso em questão resultara na prisão de uma mulher que tinha dito ser violada para poder fazer um aborto legal. Violação e incesto eram, até essa data, as únicas formas de interromper uma gravidez sem cometer um crime.

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