Havia duas dúvidas, agora já não há nenhuma. No início desta noite, hora de Lisboa, a senadora republicana do Maine, Susan Collins, disse que ia votar a favor da nomeação de Brett Kavanaugh para o Supremo Tribunal dos Estados Unidos..Minutos depois, o democrata Joe Manchin repetia o veredicto, contrariando as indicações do seu partido. O juiz, suspeito de abusos sexuais, pode ocupar o cargo já amanhã..Kavanaugh recolhe assim 52 votos a favor contra 48. No mês passado, a candidatura apoiada pelo presidente Donald Trump tornou-se particularmente polémica, depois de a professora universitária Christine Blassey Ford o ter acusado de violação no verão de 1982, quando ambos eram adolescentes.."Acredito que ela tenha sido realmente vítima de um ataque sexual e que esse trauma tenha condicionado a sua vida", disse a senadora Collins, que há semanas tinha pedido umas semanas de pausa no processo para falar com Ford.."Ainda assim, nenhum dos acontecimentos daquela noite pode ser imputado ao juiz Kavanaugh.".O relatório que o FBI elaborou sobre o caso acabou por ser também ele inconclusivo. As declarações da republicana foram adiadas pelos protestos anti-Kavanaugh que decorriam à porta do Senado..O anúncio é um rude golpe para o partido democrata e para grupos de defesa dos direitos das mulheres. Kavanaugh tem sido acusado de por em causa a jurisprudência do processo Roe contra Wade - e assim querer limitar o direito à interrupção voluntária da gravidez..Em 1973, o Supremo Tribunal contrariou a decisão de um tribunal do Texas, criando assim o precedente para a legalidade do aborto em todo o país..O caso em questão resultara na prisão de uma mulher que tinha dito ser violada para poder fazer um aborto legal. Violação e incesto eram, até essa data, as únicas formas de interromper uma gravidez sem cometer um crime.