Alguma vez teve um colega de trabalho que mente na presença do seu chefe e se apropria das suas ideias, criando réplicas para partilhar com a organização e aclamar a sua autoria? Aquele colega que monopoliza as reuniões para evitar que possa contribuir, e ignora as suas perguntas ou pedidos a menos que o faça à frente do seu chefe? O mesmo colega que, de uma forma suave e insinuante, "mina" dia-a-dia o seu trabalho e prossegue, de forma incólume e sonsa, sendo desrespeitoso?.O problema não está na competição entre colaboradores por promoções, aumentos, tarefas importantes ou atenção dos líderes, ou em defenderem as suas ideias e as suas realizações para garantir apoio e financiamento. Até certo ponto, percebe-se a necessidade dos colaboradores envolverem-se na "política de escritório". Mas não é isso que esse colega está a fazer; ele não está a considerar os meios para atingir os (seus) fins, está a dar prioridade à sua carreira em detrimento dos outros e/ou da organização, indo muito além do necessário, adequado e/ou ético para ser bem-sucedido..Em determinado momento, o sentimento de impotência é tão grande que o colaborador pode decidir abordar o seu chefe. E para seu desespero, pode deparar-se com alguém que deseja permanecer neutro, e que sugere que o problema advém (apenas) das distintas formas de trabalhar dos colaboradores. Este é o chefe que aconselha, de uma forma ingénua e naïve, que falem, entendam os pontos de vista um do outro, e se alinhem, como se "esse barco já não tivesse partido há muito". E, de repente, em vez de ter um problema, o colaborador passa a ter dois: o colega que o "queima" e o chefe que opta por ignorar..Se este é o seu caso, deve abordar o seu chefe de forma clara, precisa e objetiva, incidindo a sua argumentação no impacto negativo que o comportamento do seu colega está a ter na performance da equipa e nos resultados do negócio. Deve trazer evidência à conversa, incentivando o seu chefe a falar com outras pessoas para atestar a veracidade do seu relato. Pode ainda utilizar registos de frequência do comportamento desviante do colega, deixando implícita a lógica de que "uma vez é azar, duas é coincidência, três é padrão". Ao invés, não deve parecer "queixinhas" enfocando a sua argumentação na sua perspetiva pessoal e na forma como as ações do seu colega o diminuíram psicologicamente. Evite parecer estar a agir com base em ciúme ou vingança..Muitos chefes não querem que os seus subordinados lhes tragam problemas porque sentem que já têm muito com que lidar. Quando assim é, expor o problema e apresentar de imediato uma potencial solução, explicando o seu impacto e benefícios, pode ser adequado. Deve tentar envolver o seu chefe utilizando a tática "então e se...", fazendo com que o design da solução seja partilhado, sem grandes imposições, abrindo espaço ao diálogo. A abordagem "então e se..." permite obter a adesão e compromisso do chefe com um plano tangível que pode ser seguido e monitorizado..Se o seu chefe continuar a não querer envolver-se, pergunte-lhe se tem algum conselho sobre como resolver a situação sem o seu envolvimento. Geralmente, pedir conselhos, especialmente a alguém com quem possa estar em desacordo, pode encorajar a pessoa a desenvolver alguma empatia consigo, ver as coisas da sua perspetiva ou até a tornar-se um defensor da sua causa..Importante é mesmo não deixar ser arrastado para uma situação de conflito interpessoal insustentável (para si e para a organização). Muitas vezes, pode ser tentador vencer o seu colega no seu próprio jogo. Por exemplo, quando ele mente em frente ao seu chefe pode sentir a tentação de dar a volta fazendo o mesmo. Não o faça. Envolver-se numa competição suja só vai refletir-se mal em si. Não faça algo que não esteja de acordo com os seus valores..Diretor-executivo de educação online da Nova SBE Executive Education