O cinema português todo ao mesmo tempo
Depois de um verão sem estreias nacionais (apenas vamos ter ainda esta semana o novo de Joaquim Leitão, Índice Médio de Felicidade), os produtores, distribuidores e exibidores preferiram o pós-férias para a estreia de um assinalável número de filmes. Dito de uma outra forma, o cinema português teve medo das férias. São muitos os que acreditam que para um cinema mais "difícil" ou "exigente" é necessário o mood do regresso ao trabalho. O problema é que todos pensaram o mesmo e o ritmo desenfreado de estreias vai por certo atingir um efeito de saturação, sobretudo entre setembro e outubro.
Podemos falar de coincidência mas também de falta de bom senso, quanto mais não seja quando na mesma semana há mais do que uma estreia...
À parte dessa ganância pelas mesmas datas apetecíveis, há que realçar a qualidade de alguns dos títulos, com óbvio destaque para A Fábrica de Nada, de Pedro Pinho, épico multiestilos que abalou a Quinzena dos Realizadores em Cannes, previsto para 21 de setembro; e o excelente documentário Nos Interstícios da Realidade: O Cinema de António de Macedo, de João Monteiro, a 5 de outubro, mesma data para Al Berto, o biopic de Vicente Alves do Ó, e Colo, de Teresa Villaverde.
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Curiosidade grande ainda para em meados de outubro vermos a estreia de Diogo Varela Silva em Alfama em Si, ópera--fado; e Mulheres, de Leonel Vieira. Antes ou também na mesma data, chega o fulminante Verão Danado, de Pedro Cabeleira.
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Espera-se também grandes coisas de Peregrinação ( novembro), de João Botelho, a partir de Fernão Mendes Pinto, enquanto Ramiro, de Manuel Mozos, também poderá ser uma das estreias deste período. A fartura vai ainda incluir algumas coproduções. Sejamos otimistas: o espectador vai julgar que é moda ver cinema português...