Embora já coberta da vegetação típica das estepes cazaques, a cratera mesmo no centro do polígono de Semipalatinsk, que se pode visitar usando um fato especial de proteção contra alguma radioatividade que subsiste, é o único vestígio ainda existente desse 29 de agosto de 1949 em que a União Soviética realizou a sua primeira explosão atómica..Sabe-se que Estaline, decidido a igualar os Estados Unidos, que quatro anos antes tinham mostrado o seu novo poder destrutivo em Hiroxima e Nagasáqui, recorreu à espionagem para acelerar a produção da bomba, mas contou sobretudo com o génio de cientistas como Igor Kurchatov, cujo busto no Museu de Semipalatinsk testemunha o empenho de um homem para que o seu país conseguisse o chamado escudo nuclear soviético. Há historiadores que consideram que a explosão de agosto de 1949, no atual Cazaquistão independente, permitiu o equilíbrio do terror, que impediu que a Guerra Fria alguma vez se transformasse em quente..Kurchatov, que nasceu em 1903 e morreu em 1960, foi um herói da União Soviética e é hoje um herói da Rússia, como explica o embaixador em Portugal, Mikhail Kamynin: "O académico Igor Kurchatov é uma das figuras mais emblemáticas para a física nuclear e o progresso científico como tal. Licenciado pela Universidade da Crimeia, ele é considerado "o pai" do escudo nuclear soviético. Comendador de numerosas condecorações, era o cientista pesquisador principal do programa atómico da URSS e contribuiu significativamente para o uso da energia nuclear com os fins pacíficos.".Acrescenta o embaixador da Rússia que "o seu nome homenageia o Instituto Kurchatov, que, desde o seu estabelecimento, em 1943, tem sido o líder em pesquisa e desenvolvimento no domínio da energia nuclear, bem como nas áreas adjacentes da física em geral. Sobre a sua supervisão foram lançados os primeiros ciclotrão e reator nuclear da Europa, a primeira central nuclear do mundo, o primeiro reator nuclear de submarinos e quebra-gelos, bem como outros projetos que marcaram a história da ciência do século XX..O legado que nos deixa para hoje, nomeadamente no contexto da degradação do sistema internacional de controlo sobre armamento, não pode ser mais inequívoco: a eventual aplicação das armas nucleares levará às consequências irreversíveis. É por isso que a Rússia, como foi recentemente reafirmado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, "toma consciência da sua responsabilidade pela segurança internacional e pela estabilidade global e regional", visando preservar a paz e rejeitar a confrontação nos assuntos internacionais"..Nascido em Sim, na região dos montes Urais, Kurchatov foi criado na Crimeia, e foi aí que se formou em Física. Estudou também Engenharia Naval em São Petersburgo, e isso explica porque é que, quando foi chamado a liderar o projeto nuclear soviético, o seu contributo para os esforço de guerra contra a Alemanha era criar uma forma de os navios soviéticos não serem alvo das minas magnéticas deixadas pelos nazis no mar. Foi um discípulo, e colaborador próximo, de Kurchatov, Georgy Flyorov, que em 1942 escreveu uma carta a Estaline alertando para a estranha ausência de publicação de estudos sobre o nuclear por parte de cientistas alemães, americanos e britânicos..Algo suspeito se estava a passar, notava o cientista, e o líder soviético levou-o a sério. Em vários locais, incluindo Semipalatinsk, escolhido por Lavrenti Beria por ser meio inóspito, Kurchatov e a sua equipa, onde estava também o futuro dissidente Andrei Sakharov, trabalharam arduamente para obter resultados, e mais arduamente ainda depois de 1945. Beria, homem de confiança de Estaline, não queria falhar. Por muitas divisões soviéticas que ocupassem a Europa Oriental, só a bomba permitiria a paridade estratégica do Kremlin com a Casa Branca, na época ocupada por Harry Truman..O sucesso com a bomba foi descrito mais tarde por Kurchatov como "um alívio". Tinha 46 anos e ainda muito para fazer, como criar a primeira central nuclear geradora de energia elétrica para uso geral, construída em 1954 perto de Moscovo. Mas a saúde dava sinais de fragilidade crescente, e lidar com material radioativo durante anos estava nas causas, morrendo em 1960..Em honra do cientista, além do instituto homónimo, foram batizadas duas cidades com o nome de Kurchatov, uma delas junto ao polígono de Semipalatinsk. Também uma cratera na Lua se chama Kurchatov, e um asteroide igualmente.
Embora já coberta da vegetação típica das estepes cazaques, a cratera mesmo no centro do polígono de Semipalatinsk, que se pode visitar usando um fato especial de proteção contra alguma radioatividade que subsiste, é o único vestígio ainda existente desse 29 de agosto de 1949 em que a União Soviética realizou a sua primeira explosão atómica..Sabe-se que Estaline, decidido a igualar os Estados Unidos, que quatro anos antes tinham mostrado o seu novo poder destrutivo em Hiroxima e Nagasáqui, recorreu à espionagem para acelerar a produção da bomba, mas contou sobretudo com o génio de cientistas como Igor Kurchatov, cujo busto no Museu de Semipalatinsk testemunha o empenho de um homem para que o seu país conseguisse o chamado escudo nuclear soviético. Há historiadores que consideram que a explosão de agosto de 1949, no atual Cazaquistão independente, permitiu o equilíbrio do terror, que impediu que a Guerra Fria alguma vez se transformasse em quente..Kurchatov, que nasceu em 1903 e morreu em 1960, foi um herói da União Soviética e é hoje um herói da Rússia, como explica o embaixador em Portugal, Mikhail Kamynin: "O académico Igor Kurchatov é uma das figuras mais emblemáticas para a física nuclear e o progresso científico como tal. Licenciado pela Universidade da Crimeia, ele é considerado "o pai" do escudo nuclear soviético. Comendador de numerosas condecorações, era o cientista pesquisador principal do programa atómico da URSS e contribuiu significativamente para o uso da energia nuclear com os fins pacíficos.".Acrescenta o embaixador da Rússia que "o seu nome homenageia o Instituto Kurchatov, que, desde o seu estabelecimento, em 1943, tem sido o líder em pesquisa e desenvolvimento no domínio da energia nuclear, bem como nas áreas adjacentes da física em geral. Sobre a sua supervisão foram lançados os primeiros ciclotrão e reator nuclear da Europa, a primeira central nuclear do mundo, o primeiro reator nuclear de submarinos e quebra-gelos, bem como outros projetos que marcaram a história da ciência do século XX..O legado que nos deixa para hoje, nomeadamente no contexto da degradação do sistema internacional de controlo sobre armamento, não pode ser mais inequívoco: a eventual aplicação das armas nucleares levará às consequências irreversíveis. É por isso que a Rússia, como foi recentemente reafirmado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, "toma consciência da sua responsabilidade pela segurança internacional e pela estabilidade global e regional", visando preservar a paz e rejeitar a confrontação nos assuntos internacionais"..Nascido em Sim, na região dos montes Urais, Kurchatov foi criado na Crimeia, e foi aí que se formou em Física. Estudou também Engenharia Naval em São Petersburgo, e isso explica porque é que, quando foi chamado a liderar o projeto nuclear soviético, o seu contributo para os esforço de guerra contra a Alemanha era criar uma forma de os navios soviéticos não serem alvo das minas magnéticas deixadas pelos nazis no mar. Foi um discípulo, e colaborador próximo, de Kurchatov, Georgy Flyorov, que em 1942 escreveu uma carta a Estaline alertando para a estranha ausência de publicação de estudos sobre o nuclear por parte de cientistas alemães, americanos e britânicos..Algo suspeito se estava a passar, notava o cientista, e o líder soviético levou-o a sério. Em vários locais, incluindo Semipalatinsk, escolhido por Lavrenti Beria por ser meio inóspito, Kurchatov e a sua equipa, onde estava também o futuro dissidente Andrei Sakharov, trabalharam arduamente para obter resultados, e mais arduamente ainda depois de 1945. Beria, homem de confiança de Estaline, não queria falhar. Por muitas divisões soviéticas que ocupassem a Europa Oriental, só a bomba permitiria a paridade estratégica do Kremlin com a Casa Branca, na época ocupada por Harry Truman..O sucesso com a bomba foi descrito mais tarde por Kurchatov como "um alívio". Tinha 46 anos e ainda muito para fazer, como criar a primeira central nuclear geradora de energia elétrica para uso geral, construída em 1954 perto de Moscovo. Mas a saúde dava sinais de fragilidade crescente, e lidar com material radioativo durante anos estava nas causas, morrendo em 1960..Em honra do cientista, além do instituto homónimo, foram batizadas duas cidades com o nome de Kurchatov, uma delas junto ao polígono de Semipalatinsk. Também uma cratera na Lua se chama Kurchatov, e um asteroide igualmente.