Juliette Binoche está naquele ponto da meia-idade em que só a presença no grande ecrã é sinónimo de inteligência emocional e performativa. Em O Meu Belo Sol Interior, essa inteligência afirma-se na pele e coloca-a a meio caminho entre o charme juvenil e a beleza madura.
Binoche é a luz íntima deste filme de Claire Denis. Um filme que não se prende a nenhuma estrutura ou configuração rígida, explorando esquinas narrativas assim como a protagonista explora as nuances do amor, à procura de uma cor primária, pura.
É essa negação de um enredo tradicional e a busca incessante e desesperada pelo amor com letra maiúscula o filme não trata de mais nada que dita a sua subtileza, na conjugação com a errância do corpo feminino. Airoso e sedutor, O Meu Belo Sol reserva ainda um afortunado momento com Gérard Depardieu, inusitadamente loquaz.
Classificação: *** (Bom)