Mesquita Nunes anuncia saída do CDS-PP. E não foi o único
O ex-deputado do CDS-PP e antigo secretário de Estado do Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, anunciou este sábado no Facebook que vai deixar o partido. "O CDS das liberdades deixou de existir", escreveu o antigo vice-presidente. "É em nome da liberdade que me desfilio", acrescentou o advogado.
E não é o único: Manuel Castelo-Branco, Inês Teotónio Pereira e João Maria Condeixa já lhe seguiram os passos.
"Fundamento esta desfiliação na convicção de que o CDS é hoje, estruturalmente, um partido distinto daquele em que me filiei, um partido que quer afastar-se do modelo de partido que servi como dirigente", indicou Mesquita Nunes no Facebook.
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"O partido em que me filiei deixou de existir. Nunca pensei pedir a desfiliação do partido em que milito há 25 anos, a quem tanto devo e a quem entreguei boa parte da minha vida, do meu empenho e do meu entusiasmo", indicou. "Se o faço hoje, no que provavelmente é o mais difícil ato político da minha vida, é porque o partido em que me filiei, o CDS das liberdades, deixou de existir", acrescentou.
"A liberdade é vista como algo de relativo, que deve sucumbir em nome de uma messiânica ideia do que é ser do CDS", referiu, sem fazer críticas diretas ao líder do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, mas assinalando "profundas discordâncias com o rumo seguido pela direção eleita".
O antigo vice-presidente do partido candidatou-se à liderança em janeiro deste ano, mas perdeu para Francisco Rodrigues dos Santos.
"O Conselho Nacional de ontem, em que o CDS desistiu, enquanto partido, de discutir e decidir em Congresso com que liderança e com que estratégia deve enfrentar as próximas eleições legislativas é apenas a confirmação de que o partido deixou de existir, com pensamento e estratégia autónoma, aceitando com entusiasmo o caminho para a nossa irrelevância, dependendo da bondade e caridade de terceiros", escreveu.
"Deixo o CDS sem uma gota de arrependimento pelo percurso que nele fiz durante 25 anos. Foi uma honra ter servido e representado o CDS e é com orgulho que olho para o que, com erros e acertos, fomos capazes de fazer em nome da direita das liberdades. Nunca fiz esse caminho sozinho", indicou, agradecendo a todos os que partilharam o seu caminho, em especial ao CDS da Covilhã.
Entretanto, o militante do CDS Manuel Castelo-Branco, filho de uma das vítimas das FP-25, também anunciou a sua desfiliação do partido através de uma publicação no Facebook na qual diz que se revê em "tudo aquilo" que disse Adolfo Mesquita Nunes.
"Isto acabou. É fechar a porta e também me vou embora. Esta semana, depois de mais de 10 anos da liderança e uns 15 de filiação, assumo a minha orfandade ao projeto e apresentarei o meu pedido de desfiliação desta organização", indicou.
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A antiga deputada do CDS-PP Inês Teotónio Pereira e o ex-dirigente nacional centrista João Maria Condeixa anunciaram também a sua desfiliação do partido, argumentando já não reconhecerem a formação política em que acreditaram e se filiaram há décadas.
"Todos aqueles que votaram nesta direção deviam hoje pedir desculpa aos militantes do CDS e aos seus apoiantes pela humilhação a que sujeitaram o partido. Pelo menos aqueles que têm um mínimo de decência. O CDS não é o mesmo partido que sempre foi - está mais perto do PCTP-MRPP - e eu não pertenço ali. Por isso, e ao fim de décadas de militância, desfilio-me hoje com enorme tristeza", justificou Inês Teotónio Pereira, numa publicação na rede social Facebook.
Inês Teotónio Pereira foi deputada do CDS-PP na XII Legislatura, saída das eleições legislativas de junho de 2011, que deram a vitória ao PSD, que veio a formar governo com o CDS-PP, então liderado por Paulo Portas.
Também o antigo dirigente centrista João Maria Condeixa anunciou a sua desfiliação do partido, em que militava há 24 anos, revelando que a decisão que toma não é "circunstancial, embora os mais recentes acontecimentos e o tribalismo vivido no seio do CDS a tenham precipitado".
João Maria Condeixa, que chegou a subscrever moções de pendor liberal com João Almeida e Adolfo Mesquita Nunes, entre outros, afirma ter acreditado "num partido capaz de dizer a palavra progresso sem se assustar ou ver nela fantasmas".
"Acreditei num partido, pluralista e aberto, onde os costumes não tivessem de ser apenas os que costumam. Acreditei no tal partido que fosse capaz de ir libertando o Homem do Estado e fosse construindo o Estado em função do Homem e não o Homem em função do Estado. Esse partido não veio. Pior, foi adiado", argumentou, na carta de desfiliação que partilhou na rede social Facebook.
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O antigo dirigente diz sair "na altura em que o partido virou um organismo saprófita e adota uma postura parasitária".
"O futuro do país não está aqui. O futuro das ideias do centro-direita não está aqui. O futuro até pode estar em muitas das pessoas que trilharam e trilham ainda a sua militância. Pode estar em muitas das ideias dessas pessoas. Mas a resposta ao país já não está no CDS que vive em reação e se alimenta de matéria em decomposição", afirma.
"Não sei em que camarata a atual direção aprendeu tal código de honra e atitude na vida, mas foi pena não ter aprendido em casa a decência dos argumentos e do debate. Os processos não se pautam apenas por normas e estatutos, vivem da forma decente e nobre como estes são aplicados. Da minha parte, não compactuo mais com este tribalismo", declarou.
João Maria Condeixa diz que "o centro-direita está lá fora à espera de uma alternativa" e que sai "para esse desafio".