O barulho bíblico dos Swans
Em hiato durante 14 anos, os Swans, mítico grupo do rock de vanguarda nova-iorquino, finalmente reunido, apresentou ontem, sábado, na Aula Magna de Lisboa, o seu mais recente álbum, intitulado 'My Father Will Guide Up a Rope to the Sky'.
Durante duas horas, Norman Westberg, Christoph Hahn, Phil Puleo, Chris Pravdica e Thos Harris, liderados por Michael Gira (com Westberg, o único membro restante da formação original do grupo, fundado em 1982), mostraram que os Swans continuam, apesar do proclamado no álbum ao vivo 'Swans Are Dead' (1998), que continuam uma entidade viva. Se o alinhamento do concerto pendeu mais para o lado do álbum mais recente, o ponto alto (salvo talvez 'No Words/NoThoughts' como tema de abertura) foi 'Sex God Sex', tema fulcral na discografia do grupo, em que Gira, de braços no ar, ancorava, em jeito de cerimónia religiosa, o ruído produzido pela banda.
Mais do que "barulho", no entanto, os Swans fazem um rock arrojado e sem concessões. Seria de esperar que, como aliás é infelizmente o caso na maioria das bandas em processo de reunião, este concerto deixasse algumas saudades do risco e confronto que o grupo provocava no seu período clássico, mas (como aliás o excelente álbum do ano passado deixava adivinhar) o que se viu foi uma banda no topo da forma, e vital como sempre.