O asteroide que vale dezenas de vezes mais do que toda a economia mundial junta

Chama-se Psyche, é uma rocha gigante à base ferro e níquel, e um poço de novos conhecimentos para os cientistas. A NASA quer lá ir em 2026.
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Complexo, metálico... e muito valioso. Assim é Psyche, um dos maiores e mais misteriosos de todos os asteroides que povoam o espaço entre os planetas Marte e Júpiter, na chamada cintura de asteroides.

Agora, um novo estudo feito a partir de observações do telescópio espacial Hubble acaba de lançar uma nova luz sobre este pequeníssimo mundo frio, que mede uns escassos 226 quilómetros de diâmetro - pouco mais do que a distância de Lisboa a Coimbra -, e que é inteiramente composto de ferro e níquel.

Porquê valioso? Justamente por isso, por ser tão rico em metais. Cálculos por alto apontam para que no seu todo Psyche poderá valer uma soma equivalente a várias dezenas de vezes o total da economia mundial - isto supondo que um dia será possível ir lá buscar algum desse material.

Dada a natureza, os cientistas pensam que aquele asteroide, localizado a 370 milhões de quilómetros da Terra, poderá na verdade ser o núcleo metálico de um planeta muito antigo, do tempo da formação do sistema solar, que devido a colisões com outros corpos celestes acabou por ficar sem as suas camadas superiores: o manto e a crosta.

A confirmar-se esta hipótese, o estudo de Psyche será um pouco como olhar para dentro de um planeta rochoso como a Terra, que tem igualmente no interior um núcleo metálico, mas em estado líquido, dada a enorme pressão a que está submetido.

Ou seja, Psyche também pode dar novas pistas sobre o núcleo no interior da própria Terra, ao qual não temos acesso direto.

Sem a casca que há milhares de milhões de anos o teria envolvido, o núcleo planetário que Psyche parece ser acabou por solidificar, sendo hoje igualmente uma espécie de sonda para o tempo em que o sistema solar se formou.

Nesse sentido, o velho asteroide oferece também aos cientistas uma oportunidade preciosa para estudar essa fase tumultuosa que foi a formação do sistema solar, há milhares de milhões de anos. Tudo bons motivos para olhar ao pormenor aquela gigantesca rocha distante.

Foi o que fez uma equipa internacional de astrónomos, coordenada por Tracy Becker, da Instituto de Investigação Southwest, nos Estados Unidos, que observou dois pontos distintos em Psyche, usando luz ultravioleta e medindo a forma como ela é refletida pela superfície do asteroide, para determinar em grande detalhe a sua composição. Foi assim que o ferro e o níquel emergiram como os seus compostos essenciais.

No estudo que publicou nesta semana na revista científica The Planetary Science Journal, a equipa explica que descobriu também alterações na superfície dos astroide que poderão ter que ver com os ventos solares, além de indícios de alguma interação dos materiais com gases, como o oxigénio. Mas estes são sobretudo dados que abrem a porta a novas investigações, para se perceber melhor a natureza de Psyche e determinar a época exata da sua formação.

A NASA e a Space X têm, aliás, agendada uma missão com lançamento previsto para 2022, rumo àquele asteroide, com chegada prevista ao destino em 2026.

O objetivo é colocar uma sonda na órbita de Psyche durante quase dois anos, para o estudar, radiografar e mapear em detalhe.

Até lá, os telescópios terrestres não deixarão de apontar para Psyche, para continuar a recolher mais informação sobre ele. Afinal, o sucesso da missão espacial da NASA também vai depender desse conhecimento mais detalhado sobre o asteroide.

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