O ambicioso Paredes que cumpriu o destino traçado pelo mentor Orlando Duque

Mexicano é o campeão em título e só pensa em conquistar mais vitórias e conta com a ajuda de um atleta histórico no Cliff Diving
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Quando se tem um mentor cuja história pessoal no Cliff Diving se confunde com a história da competição, é quase como se estivesse destinado a tornar-se também ele uma das principais figuras deste desporto. Jonathan Paredes não demorou muito a ser considerado uma das grandes promessas da nova geração. Orlando Duque foi mais do que uma inspiração. Os seus conselhos ajudaram o mexicano a ser campeão e até a cometer algumas loucuras, como saltar de 30 metros de altura.

"O Orlando Duque é muito especial para mim. É um grande amigo. Está no topo da lista", salientou Paredes, lamentando que o colombiano não possa competir nos Açores devido a um percalço. Uma escorregadela resultou numa luxação num dedo da mão e Duque não poderá tentar repetir a vitória de 2017 no ilhéu de Vila Franca do Campo. Paredes está na luta por suceder ao amigo, depois de ter terminado as duas primeiras rondas, que se realizaram esta sexta-feira, na terceira posição com 164 pontos, menos 7,4 que o polaco Kris Kolanus.

Depois da segunda etapa do circuito, em Bilbau, o mexicano esteve com Duque a treinar um novo salto, que pretendia apresentar nos Açores. Porém, acabou por adiar essa "estreia": "Tenho estado a preparar um novo mergulho nos últimos dez dias, mas se não nos sentimos bem e não estivermos preparados, não é possível. E amanhã [sábado] já não posso, pois precisamos de mostrar antes o mergulho aos juízes."

Com as condições a não serem as mais perfeitas, com o vento a obrigar a redobrada atenção, Paredes salientou como o ter abandonado a ideia de apresentar o salto "é o exemplo perfeito" de como tem "tanto respeito" pela modalidade. "Hoje vimos algumas pessoas a cair mal na água. Vemos essas coisas acontecer à nossa volta e sabemos que isto é perigoso."

Como todos os outros atletas do Red Bull Cliff Diving, Paredes vê os Açores como um lugar especial para saltar. "São sempre competições boas e interessantes. É tudo pela natureza, por estarmos a mergulhar da rocha... Isto mudou muito o jogo", salientou. O mexicano, de 28 anos, já subiu ao pódio três vezes em São Miguel (dois terceiros e um segundo lugar em 2015), tendo ficado à porta no ano passado.

Estar no pódio é novamente o objetivo até para continuar a recuperação depois de um arranque de defesa do título abaixo do desejado. Foi apenas décimo nos Estados Unidos, mas em Espanha só foi batido por Steven LoBue. No ranking é quinto, com menos 80 pontos que LoBue.

Ambicioso desde os primeiros saltos

Quando em 2011 entrou no circuito, Paredes teve sempre um discurso ambicioso. Quando lhe perguntavam onde pretendia chegar, o mexicano não hesitava em dizer que queria ser campeão. Agora que já o é... "Quando somos desportistas queremos atingir o nível mais alto e ser o campeão. Fui campeão do mundo no ano passado e o melhor que posso atingir... é ser campeão outra vez", respondeu ao DN.

No entanto, garantiu que não sente mais pressão por ter esse estatuto. "Para ser honesto, a pressão é sempre a mesma. Eu só estou preocupado com o meu salto", referiu. Este sábado vai tentar novamente aproximar-se da perfeição, tal como Duque, o seu mentor, sempre o fez. O colombiano, de 43 anos, foi o primeiro campeão em 2009 e é dele uma parte da responsabilidade do sucesso do Cliff Diving. O título escapou-lhe desde então, apesar de somar mais quatro pódios. Paredes já começou a escrever a sua história. Terceiro em 2015, segundo em 2016 e depois foi campeão.

O lado solidário

Em Junho, aquando da passagem do Red Bull Cliff Diving por Bilbau para a segunda etapa do campeonato, Jonathan Paredes participou numa ação solidária para lutar contra as doenças neurodegenarativas. Paredes teve de saltar de uma ponte para o rio Nervión. Foi um salto de 13 metros, quase nada comparado com os 27 do Cliff Diving ou então os 30 nas Cataratas de Vitória (rio Zambeze, na fronteira entre a Zâmbia e o Zimbabué), no que considera ter sido a coisa mais louca que alguma vez fez.

Se o salto em Bilbau não foi tão alto, tinha a originalidade de na água estarem 30 mil patos de borracha, no que acabou por ser um mergulho bem diferente a nível de paisagem.

Este sábado, a terceira ronda arranca às 11:30 para as senhoras e às 12:00 para os homens, mas é opcional. Às 12:33 e 12:55 teremos então as esperadas finais para decidir os vencedores da sétima edição do Red Bull Cliff Diving nos Açores.

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