Meses depois do 25 de Abril de 1974, o Algarve recebia em janeiro do ano seguinte a cimeira que terminaria com o Acordo de Alvor, assinado entre o Governo português e os três principais movimentos de libertação angolanos, no âmbito do processo de independência da antiga colónia portuguesa - que se concretizou a 11 de novembro de 1975 -, mas não impediu a guerra civil no país..O decorrer dos trabalhos na vila algarvia mereceu amplo destaque na edição do DN de 13 de janeiro de 1975, dando conta dos "progressos substanciais" na cimeira. Mário Soares, ministro dos Negócios Estrangeiros na altura, mostrava-se confiante: "Pensamos sair desta conferência com um acordo que delineará o futuro de Angola", afirmou. Os três movimentos de libertação angolanos partilhavam o otimismo. "Nenhum obstáculo impedirá o acordo Angola-Portugal", afirmaram, como noticiou o jornal..Dois dias depois, a 15 de janeiro, era assinado no Hotel Penina o Acordo de Alvor, que definia, em 60 artigos, as bases da transferência de poder entre Portugal e o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), estabelecendo um período de transição e a marcação de eleições. Mas o acordo foi um fracasso. Pouco tempo depois da assinatura do documento, os movimentos, que já tinham lutado entre si durante a luta pela independência, regressaram ao conflito armado. A guerra civil em Angola duraria até 2002 e do Acordo de Alvor apenas se cumpriu a data da proclamação da independência angolana, a 11 de novembro de 1975.