O 25 de Abril não está todo cumprido

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Nas vésperas do 25 de Abril, importa dizer que não está todo cumprido. Dos três D do programa do MFA - democratizar, descolonizar e desenvolver - só os dois primeiros estão cumpridos, pois no desenvolvimento há ainda muito por fazer. Neste aspecto, Portugal, pese o grande salto que deu com o 25 de Abril, mormente com a integração europeia, é ainda dos últimos na tabela classificativa dos 27 países, que constituem a Europa.

Com os fundos europeus, podemos dar novo salto, mas não é construindo nova ponte no Douro, a sexta!, que o conseguiremos. Impõe-se uma gestão racional e criteriosa da chamada bazuca, para que não haja outra oportunidade perdida e o nosso atraso se perpetue.

Mesmo a democratização não é ainda plena, pois continua a haver delitos de opinião, que são contraditórios com a liberdade de expressão, a maior conquista de Abril. A seguir a esta, e quanto a mim, o Serviço Nacional de Saúde (SNS), bem precioso de todos os portugueses, cuja utilidade ninguém de boa-fé ousa contestar. O combate à covid-19 só confirma o que digo.

Estamos, no entanto, sem dúvida, muito melhores do que no Estado Novo. O nosso grande e saudoso Fernando Pessoa costumava dizer, ironicamente: estou velho, por causa do Estado Novo! Salazar deixou os portugueses pobres e analfabetos e tenho dificuldade em compreender as saudades que ainda há do velho ditador.

O 25 de Abril valeu a pena, que ninguém tenha dúvidas. Vivíamos em guerra, "orgulhosamente sós", com grande pobreza e ainda maior iliteracia. Com herança tão pesada, 47 anos de liberdade e democracia, que o 25 de Abril já nos deu, não foram ainda suficientes para suprir todas as carências da sociedade portuguesa, mas encontrámos o rumo certo. O caminho que trilhamos é o melhor. Sandro Pertini, carismático Presidente italiano, dizia que à mais perfeita das ditaduras, preferia sempre a mais imperfeita das democracias!

O nosso Ary dos Santos falava sempre nas portas que o 25 de Abril abriu e Soares afirmava que não faltará quem o queira destruir, mas não vão consegui-lo, porque está profundamente enraizado no povo português.

25 de Abril sempre!

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