Marco Ferreira, antigo árbitro português, voltou a falar sobre a polémica dos vouchers que envolve o Benfica, numa situação tornada pública pelo Sporting em outubro de 2015. O ex-juiz diz que recebeu as ditas ofertas, mas que nunca ninguém do clube português lhe pediu para favorecer as águias.."Nunca ninguém do Benfica, e já o disse publicamente, nem de nenhum clube em Portugal, me pediu o que quer que seja em troco de ofertas ou presentes. É impensável hoje em dia pensar-se que os árbitros podem ser influenciados com duas refeições", disse à TVI24, relatando depois um desses episódios da oferta de vouchers num Benfica-Sporting.."Posso contar o que foi a minha experiência, que foi única, pois mais nenhum colega passou o que passei. Foi num Benfica-Sporting, que era a um domingo, num dia de alerta vermelho, e que o jogo foi adiado para terça. Eu era o árbitro desse jogo e recebi duas caixas. Recebi uma no domingo, que o Benfica teve amabilidade de me oferecer, como oferece a todos. Era uma caixa com a camisola do Eusébio e os tais vouchers. Na terça-feira, voltaram a dar-me uma caixa... Até disse à pessoa que me entregou, ao Sheu, uma pessoa que respeito muito, uma figura carismática do Benfica e futebol português, que me já tinham dado uma no domingo. Ele disse-me que não havia problema. 'Fique com mais uma. Para si e para os seus colegas'", recordou, confirmando que em todos os jogos do campeonato os árbitros têm por norma receber lembranças.."Foi somente nesse jogo, já que depois deixei de arbitrar tanto o Benfica como o Benfica B. Sabia que era recorrente nos jogos do Benfica, mas não é só no Benfica. Em qualquer estádio, até no Sporting ou FC Porto, sempre ofereceram uma camisola... E falam muito dos vouchers, mas se calhar as camisolas oficiais desses clubes são mais caras do que um jantar", disse, revelando-se satisfeito por ver esta situação alvo de uma investigação.."O Benfica antigamente colocava sempre umas lembranças no balneário, em acrílico, com o registo do jogo e o nome do árbitro. Depois do Apito Dourado deixou de o fazer. Voltaram a dar depois da situação do Eusébio e nós levámos isso como uma homenagem a uma figura do clube e do futebol português. Mas deve investigar-se se acham que deve ser. A investigação não serve só para condenar, mas também para a verdade vir ao de cima. Apenas peca por tardia", referiu, confessando também que nunca utilizou os vouchers. "Aliás, é público que nenhum árbitro usou. Há até colegas que nem se aperceberam que a caixa tinha vouchers para refeições. Nunca tive o prazer de visitar o Museu da Cerveja... A caixa tinha uma camisola que fazia referência ao Eusébio e depois tinha um documento que dizia que era preciso fazer uma chamada para marcar a visita ao museu. Ao ler aquilo, muitos dos meus colegas pensavam que só dava para o museu", admitiu.