Número um mundial Ashleigh Barty abandona ténis
A número um do ténis Ashleigh Barty, de 25 anos, anunciou esta quarta-feira que se retirava das competições, numa mensagem vídeo.
"Hoje é um dia difícil e cheio de emoção para mim porque anuncio a minha retirada do ténis", declarou a australiana, na rede social Instagram.
"Estou muito feliz, estou totalmente pronta, e sei agora, no meu coração, que como pessoa, esta é uma boa decisão", disse, em lágrimas, ao lado da antiga parceira em pares Casey Dellacqua.
Número um mundial desde 2019, Barty ganhou três títulos do Grand Slam, em singulares, em Roland-Garros (2019), Wimbledon (2021) e o Open da Austrália, este ano. Em janeiro tornou-se na primeira campeã local a conquistar, em 44 anos, o Open da Austrália, juntando-se ao clube exclusivo dos vencedores do Grand Slam em três superfícies diferentes.
"Estou grata por tudo o que o ténis me deu, deu-me todos os meus sonhos e ainda mais", acrescentou.
"Mas sei que chegou o momento para me afastar, seguir outros sonhos e pousar as raquetes", disse.
"A minha felicidade não estava dependente dos resultados e o sucesso, para mim, é saber que dei absolutamente tudo o que podia. Eu estou realizada. Estou feliz. E sei quanto trabalho é preciso para tirar tudo de mim. Por isso, disse à minha equipa várias vezes que já não tinha mais isso em mim. Não tenho a ambição física e psicológica, nem tudo o que é preciso para me desafiar ao melhor nível", concluiu Ashleigh Barty.
A Associação de Ténis Feminino (WTA) respondeu, na rede social Twitter: "Obrigada por teres sido uma incrível embaixadora deste desporto e para as mulheres de todo o mundo. Vais-nos fazer muito falta, Ash".
A jovem australiana lidera o ténis feminino há 119 semanas consecutivas, desde que conquistou o seu primeiro título do 'Grand Slam', em Roland Garros, em junho de 2019. Desde então, realizou o sonho de vencer Wimbledon, em 2021, e há cerca de dois meses tornou-se na primeira australiana a ganhar o 'Major' dos Antípodas em 44 anos.
Numa entrevista concedida terça-feira à sua amiga e antiga tenista Casey Dellacqua, partilhada na rede social Instagram, anunciou ser hora de pousar as raquetas e "conquistar outras coisas" na sua vida.
Não é a primeira vez que Barty se afasta do ténis, mas é a primeira vez que anuncia oficialmente a retirada. Em 2014, aos 17 anos, quando já era uma tenista cotada na vertente de pares, afastou-se e jogou profissionalmente cricket, durante 17 meses.
Incentivada pela amiga Dellacqua, regressou revigorada aos 'courts', em 2016, e começou a escalar a hierarquia mundial até ao topo, sob a orientação do novo treinador australiano Craig Tyzzer.
Durante a pandemia provocada pela covid-19, em 2020, Ashleigh Barty voltou, no entanto, a arrumar as raquetas durante 11 meses e optou por permanecer na Austrália, abdicando de viajar pelo mundo para jogar os torneios do WTA, que retomaram em agosto do mesmo ano, após uma paragem de cinco meses.
Depois de se juntar ao exclusivo grupo de vencedoras do 'Grand Slam' em três superfícies distintas, a terra batida de Roland Garros, a relva de Wimbledon e o piso rápido do Open da Austrália, onde não perdeu qualquer 'set' em sete encontros disputados, a australiana despede-se com 15 títulos conquistados na curta carreira, um dos quais as WTA Finals, em 2019.
Ashleigh Barty é a sétima jogadora que mais tempo permaneceu no comando do ténis mundial, só superada por Steffi Graf, Martina Navratilova, Serena Williams, Chris Evert, Martina Hings e Monica Seles, e a primeira a abandonar o topo do 'ranking' desde a belga Justine Henin, em maio de 2008, quando também contava 25 anos e era campeã em título de dois torneios do 'Grand Slam' (Roland Garros e Open dos Estados Unidos).
Filha de um antigo golfista amador de alta competição, Robert, a tenista sempre foi adepta de golfe e, durante a pandemia, em setembro de 2020, chegou a vencer um torneio em Queensland, depois de o namorado Garry Kissick, jogador profissional, a ter ajudado a descer de 10 para 4 de 'handicap'. Apesar de ter contado diversas vezes com a companhia de Kissick no circuito, Ashley Barty deu a entender, em diversas ocasiões, que se sente feliz na Austrália.