Legionella: Há mais uma pessoa infetada. Cinco nos cuidados intensivos
O número de doentes infetados com legionella está estabilizado, com um caso novo identificado desde ontem e um caso suspeito que está a ser analisado, anunciou esta terça-feira a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas. Estão neste momento internados em unidades de cuidados intensivos cinco doentes. O balanço é assim de 35 internados, somando-se a estes dois mortos.
Destes cinco doentes, três estão "razoavelmente estáveis" e dois "inspiram mais cuidados", segundo disse esta noite o ministro da Saúde, na mesma conferência de imprensa, realizada no Hospital de S. Francisco Xavier (HSFX). Três dos doentes dos Cuidados Intensos estão no HSFX, outro no Egas Moniz e um ainda no Hospital da Luz (privado).
Agora, ainda de acordo com Adalberto Campos Fernandes e com Graça Freitas, o surto da legionella entrou "em extinção". A evolução da doença e dos seus efeitos seguiu, para os mesmos responsáveis, os modelos matemáticos criados a partir dos casos de Vila Franca de Xira. "O sistema [do Serviço Nacional de Saúde] está a fazer o que lhe compete", sublinhou o ministro, para concluir que "os portugueses têm razões para confiar no SNS".
Para o ministro da Saúde, "o que aconteceu foi uma falha técnica" e foi "dentro do perímetro do Hospital de São Francisco Xavier, provavelmente relacionada com as torres de refrigeração". Ou seja, "não é um argumento sério" atribuir o surto a questões de investimento (ou falta dele), até porque no caso do HSFX "o equipamento é recente".
Há vários inquéritos em curso: do Ministério Público (por causa dos mortos), da Inspeção Geral de Saúde e um determinado pelo próprio HSFX. Além do mais, as administrações regionais de saúde estão a inspecionar os sistemas de refrigeração das unidades do SNS e decorrerá nos próximos meses um processo de revisão geral dos equipamentos. O ministro da Saúde disse que também tenciona, com o seu colega do Ambiente, irá "densificar a malha inspetiva" quanto os mecanismo de controlo da qualidade do ar nas unidades de saúde, criando-se "um quadro sancionatório mais agravado".
O Ministério Público anunciou entretanto, esta terça-feira, que os elementos recolhidos originaram a abertura de um inquérito ao surto de legionella no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, que já causou dois mortos e infetou pelo menos 35 pessoas.
"Os elementos recolhidos deram origem a um inquérito, que se encontra em investigação no DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] de Lisboa", refere o Ministério Público em resposta enviada à agência Lusa.
Na segunda-feira, o Ministério Público tinha informado que estava a recolher elementos e que não deixaria de investigar "qualquer indício de crime de que tenha conhecimento".
Entretanto o Presidente da República disse já ter sido informado pelo ministro da Saúde de que, segundo as últimas análises, "neste momento, não há traços ou sinais da existência de legionella" no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas após a inauguração das novas instalações do Colégio Mira Rio, em Lisboa, considerou que houve "uma ação atempada da unidade hospitalar e do serviço de saúde" e adiantou que, se precisasse, iria sem problema às urgências do Hospital São Francisco Xavier.
Questionado se pensa que foi feito tudo o que era preciso, face à contaminação registada naquele hospital público, que já provocou duas mortes, e se os portugueses podem estar descansados, o chefe de Estado respondeu: "Daquilo que eu sei, e soube há pouco pelo senhor ministro da Saúde, as últimas análises que foram feitas dão negativas".
O Presidente da República disse que, de acordo com essa informação, "depois do que houve de tratamento da água, por iniciativa, aliás, da própria unidade hospitalar, neste momento, não há traços ou sinais da existência de legionella" naquela unidade hospitalar.
"Portanto, nesta altura, olhando para os modelos matemáticos que se utilizam, quando já não há sinais de existência de legionella e quando está a terminar o período de incubação, isso permite prever que não haja, em princípio, um crescimento significativo do número de casos. Esta é a posição que me foi transmitida pelo senhor ministro da Saúde e que penso que a senhora diretora-geral da Saúde também já transmitiu ou irá transmitir aos portugueses", acrescentou.