O fim dos tetos salariais dos gestores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) abre a porta à nomeação formal da equipa que será liderada por António Domingues. O governo queria primeiro aprovar o fim do Estatuto do Gestor Público e só depois revelar a lista dos novos órgãos sociais da CGD. Ontem, com a aprovação, na reunião de Conselho de Ministros extraordinária, da alteração à legislação atualmente em vigor, esse impedimento deixa de existir..A equipa de António Domingues, que vem do BPI, contará com 19 elementos: seis administradores executivos - Emídio Pinheiro, presidente do BFA, é um dos nomes referidos. Terá ainda 12 membros não executivos, incluindo Leonor Beleza e Rui Vilar como vice-presidentes, com funções não executivas. Pedro Norton, ex-presidente da Impresa, e Bernardo Trindade, antigo secretário de Estado do Turismo, são outros nomes avançados..A proposta aprovada em Conselho de Ministros determina a "não aplicação do regime previsto naquele estatuto aos administradores designados para instituições de crédito integradas no setor empresarial do Estado, qualificadas como "entidades supervisionadas significativas", nos termos da regulamentação do BCE". Os esclarecimentos adicionais foram remetidos para Mário Centeno, ministro das Finanças, que deverá hoje pronunciar-se sobre o tema..O Estatuto do Gestor Público prevê que o salário de qualquer gestor público não seja superior ao do primeiro-ministro; estão previstas exceções quando se tratam, por exemplo, de empresas de serviços financeiros (como é o caso da CGD) ou quando a gestão está em comissão de serviço, onde o salário é equivalente à média dos últimos três anos. A alteração na CGD vai ao encontro das recomendações do BCE, que considera que não deve haver diferença entre os salários dos diferentes administradores da Caixa e que deve ser eliminado o teto salarial..A mudança conta com a oposição dos partidos de esquerda. O BE e Os Verdes têm mesmo um projeto de lei que visa limitar os salários dos gestores públicos e presidentes de reguladores ao do primeiro-ministro, depois da polémica, em fevereiro, em torno dos aumentos de 150% nos salários da gestão da ANAC, o regulador da aviação..Também o CDS já fez saber que "tudo fará" para que a legislação não seja aprovada, garantiu a deputada Cecília Meireles. "Certamente que o CDS não deixará, no caso de ser uma iniciativa legislativa, de pedir uma apreciação parlamentar, ou, no caso de ser outra alteração, tudo fazer para que não vá adiante.".Fechado o tema do teto salarial falta assegurar que o plano de recapitalização da CGD é aprovado por Bruxelas. A injeção de capital pode chegar aos 4000 milhões de euros e António Domingues terá imposto como condição a recapitalização para assumir a liderança do banco público até 2018..A Comissão Europeia já está na posse do plano de recapitalização, que foi enviado na sexta-feira, e onde o Executivo deverá assegurar que a injeção de capital é realizada como se fosse um investidor privado, condição para que a Direção-Geral da Concorrência aceite a recapitalização do banco público, como afirmou a própria comissária europeia, Margrethe Vestager..O ministro das Finanças já fez saber que o governo quer fazer a capitalização de forma a não ter impacto no défice, numa "ótica de mercado". "Nós queremos que ele seja exatamente nesse contexto, e a ideia é que se isso for assim, a injeção de capital é uma injeção financeira e possa não ter impacto no défice", afirmou o ministro em Nova Iorque, citado pela SIC.