Nóvoa acusa Cavaco de ignorar famílias de vítimas de naufrágio
Matosinhos guardou-se esta sexta-feira à noite para uma receção de pavilhão cheio a Sampaio da Nóvoa, com o candidato presidencial a acusar o Presidente da República de ter ignorado as famílias dos pescadores poveiros que morreram num naufrágio na Figueira da Foz, há três meses. "Acusam-me de ser vago quando prometo ser um Presidente próximo das pessoas. Não há nada como explicar aqui, numa zona que sabe pela dor pesada da experiência o que é a vida dura dos pescadores, o que quero dizer com proximidade", explicou-se.
"Ouvi a voz de revolta dos pescadores e a sua mágoa sentida por, no meio de tanta dor e sofrimento, não terem recebido um telegrama, uma mensagem ou uma demonstração de simpatia por parte do atual Presidente. Nem um telefonema", apontou-lhe o dedo. Para logo contrapor: "Uma Presidência de proximidade nunca se esquece das pessoas."
Antes, Sampaio da Nóvoa defendeu que "a mudança e alternativa" que se verificaram "no Parlamento e no Governo", também têm de chegar a Belém, sob pena de entregar "durante 20 anos a Presidência a uma linha política que a conduziu aos seus piores momentos". Para Nóvoa, se os dez anos de Cavaco Silva foram "muito tempo", "20 anos seria tempo a mais".
Na hora de puxar do currículo, o antigo reitor da Universidade de Lisboa disse que um "cidadão presidente é um ato político". E Augusto Santos Silva, o número dois de António Costa no Governo, explicou o longo percurso de Sampaio da Nóvoa para justificar que, "ao contrário do que às vezes se diz ou se vê, uma campanha para Presidente da República não é uma campanha para saber quem entra mais à vontade nos cafés ou pastelarias. É uma campanha pela qual avaliamos o mérito dos que se candidatam percebendo o que pensam do mundo, do país, do tempo em que vivemos", defendeu perante 1300 pessoas.
Mais: para o ministro dos Negócios Estrangeiros, aquilo que o antigo reitor e garantiu que sabe o que Nóvoa "pensa à segunda-feira, à terça-feira, à quarta-feira, à quinta-feira, à sexta-feira, ao sábado e ao domingo", numa farpa a Marcelo Rebelo de Sousa, que nem precisou de nomear. Todos no pavilhão entenderam.
Sampaio da Nóvoa insistiria logo depois que "as eleições de dia 24 contam e contam muito", por não estarem decididas.