Novo vídeo mostra que avião ucraniano foi abatido por dois mísseis
Um novo vídeo divulgado pelo The New York Times mostra que o Boeing 737 da companhia aérea Ukrainian International Airlines foi abatido com dois mísseis iranianos. Todas as 176 pessoas que seguiam a bordo morreram. Dois minutos depois de ter descolado do aeroporto de Teerão, o avião despenhou-se nos arredores da capital iraniana a 8 de janeiro. Três dias depois, o Irão admitia que abateu o avião ucraniano por engano.
Imagens de uma câmara de vigilância, verificadas pelo jornal norte-americano, revelam que os mísseis foram disparados com uma diferença de cerca de 30 segundos. No vídeo é possível ver que após ser atingido pelos dois mísseis, o avião ucraniano não se despenhou imediatamente.
As imagens mostram o impacto dos dois mísseis no voo 752 da Ukrainian International Airline, o avião em chamas a tentar voltar para o aeroporto de Teerão e a explosão aquando da queda do aparelho perto da capital iraniana.
O The New York Times confirmouque as imagens foram captadas por uma câmara situada no telhado de um edifício perto da localidade de Bidkaneh, a cerca de 6,5 quilómetros de umas instalações militares do Irão.
O comandante da brigada aeroespacial dos Guardas da Revolução iranianos, Amir Ali Hajizadeh, afirmou que os mísseis foram lançados de uma base perto deste local.
No sábado, 11 de janeiro, o Irão admitia ter abatido o avião por engano quando antes tinha dado a certeza que o aparelho não tinha sido atingido por um míssil.
"Assumo a responsabilidade total" pela queda do Boeing 737 ucraniano, afirmou o general Amir Ali Hajizadeh, numa declaração transmitida pela televisão, adiantando que "preferia ter morrido do que assistir a tal acidente".
De acordo com o general iraniano, o operador do míssil que abateu o Boeing ucraniano em Teerão abriu fogo sem poder obter a confirmação de uma ordem de tiro devido a uma "interferência" nas telecomunicações.
O soldado confundiu o avião com um "míssil de cruzeiro" e teve "10 segundos" para decidir, declarou Amir Ali Hajizadeh.
A queda do avião ocorreu horas depois do lançamento de 22 mísseis iranianos contra duas bases militares no Iraque, onde estão posicionadas forças da coligação internacional liderada pelos EUA, numa operação de retaliação pela morte de Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds, num ataque aéreo norte-americano ordenado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Esta terça-feira, de acordo com notícia avançada pela Associated Press, as autoridades iranianas efetuaram detenções alegadamente relacionadas com a queda do avião ucraniano.
"Para o nosso povo é muito importante que quem quer se seja responsável por um ato de negligência seja levado perante a justiça", disse o presidente do Irão, Hassan Rohani, num discurso televisivo transmitido esta terça-feira em Teerão.
"Todos aqueles que têm de ser punidos vão ser castigados", garantiu.
Antes, no dia em que o Irão assumiu que tinha abatido o Boeing 737 por engano, o presidente Rohani recorreu ao Twitter para declarar: "O inquérito interno das forças armadas concluiu que lamentavelmente mísseis lançados por engano provocaram a queda do avião ucraniano e a morte de 176 inocentes."
Após o mea culpa das autoridades do país, a indignação do povo iraniano saiu à rua com protestos contra o governo iraniano, alvo de condenação de vários líderes internacionais.