Novo militar na Proteção Civil suscita elogios e grandes expectativas

Oposição parlamentar em peso e associação dos Bombeiros Profissionais exigem saber as razões da demissão do anterior comandante operacional nacional da Proteção Civil
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O coronel Duarte Costa (Exército), que hoje inicia funções como comandante operacional nacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), recebeu ontem um generalizado coro de elogios sobre a sua adequação para o cargo, no universo político e do setor.

Com a oposição em peso a querer perceber por que razão o antecessor se demitiu após cinco meses no cargo e a poucas semanas do período crítico de combate aos incêndios, Duarte Costa ouviu o primeiro-ministro dizer "com satisfação que o novo comandante foi particularmente bem recebido, não só pelo presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, mas também pelos próprios partidos da oposição" - quando faltam 11 dias para a realização de um exercício nacional com todos os atores da Proteção Civil.

No Parlamento, o ministro da Administração Interna enalteceu "as notáveis capacidades e do currículo" que qualifica Duarte Costa como novo comandante operacional da ANPC - substituído "com a maior rapidez [e] a eficácia" com que, lembrou o major-general Bargão dos Santos nas redes sociais, sucedeu consigo (2006) ao demitir-se da presidência do Serviço de Bombeiros e Proteção Civil e quando o ministro da tutela era... António Costa.

Para o ministro Eduardo Cabrita, a "experiência que [Duarte Costa] já tinha de relacionamento entre Forças Armadas e a estrutura da ANPC" - como chefe do Estado-Maior do comando operacional do Exército - é o que o "qualifica para prosseguir este esforço notável que vinha sendo desenvolvido" em termos de prevenção e combate aos fogos.

Com o presidente da Liga dos Bombeiros, Jaime Marta Soares, a qualificar Duarte Costa como "a pessoa certa no momento certo" no cargo de comandante operacional nacional da ANPC, o líder da Associação Nacional dos Bombeiros Profissionais, Fernando Curto, optou por questionar a escolha de mais um militar para aquela estrutura civil.

Os dois responsáveis dos bombeiros divergiram quanto ao momento da substituição no topo da estrutura operacional da Proteção Civil, com Marta Soares a argumentar que " mau seria manter a nomeação anterior" de alguém "completamente deslocado" naquele cargo - enquanto Fernando Curto alertou que o país "não se pode dar ao luxo destas mudanças" em pleno mês de maio.

O momento da saída de António Paixão motivou fortes críticas da oposição, com o deputado Marques Guedes (PSD) a observar que "um militar não deserta quando a operação já está montada no terreno" e José Matos Correia (PSD) a declarar que "não é aceitável" o país ter quatro comandantes operacionais da ANPC em apenas quatro meses.

A exemplo do PSD, o CDS também requereu a audição parlamentar urgente de António Paixão, o criador do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR e reconhecido ao DN como profundo conhecedor do combate aos fogos e dos bombeiros. Telmo Correia (CDS) adiantou: "É muito preocupante, estamos a chegar a uma época crítica, esperamos que corra tudo bem, mas os sinais são muito negativos."

Os deputados Pedro Filipe Soares (BE) e Jorge Machado (PCP) expressaram o seu apoio aos pedidos de audição do antecessor de Duarte Costa num momento crítico da época de combate aos incêndios.

Duarte Costa tem o curso de promoção ao generalato e é oficial Comando, como o tenente-general que lidera a ANPC, Mourato Nunes. Reconhecido como muito sociável, flexível e bem disposto, entrou em 1981 na Academia Militar - ao contrário de António Paixão, oficial miliciano do Exército antes de ir para a GNR -, onde tocava viola e cantava fado. Militar de Infantaria, é paraquedista (comandou a Escola dessas forças especiais) e ranger (com o curso tirado nos EUA).

Com Lusa

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