Nova Zelândia escolhe nova bandeira. Finalistas não agradam a todos
Começaram por ser dez mil, passaram para 40 e agora restam quatro alternativas para os neozelandeses escolherem a sua nova bandeira. Das finalistas, três exibem a folha de feto que também adorna as camisolas dos All Blacks, a seleção de râguebi da Nova Zelândia; a quarta tem um koru, o símbolo maori que representa uma nova vida, a força e a paz. E se a escolha final terá de esperar até novembro, quando os eleitores forem às urnas num referendo para escolher a favorita entre as quatro (para 2016 está marcada outra consulta popular para optar entre a vencedora e a atual bandeira), as críticas, essas, foram imediatas.
"Alguém me explique como é que estas quatro bandeiras representam a Nova Zelândia? Não consigo perceber. #nzflag", escreveu Clem Sams no Twitter. Esta rede social encheu-se de reações negativas mal as quatro finalistas foram apresentadas pelo Painel para a Consideração da Bandeira no museu nacional Te Papa Tangarewa em Wellington. Já James Sullivan, outro internauta, centrou as críticas no primeiro-ministro John Key: "Olhando bem, acho que @johnkeypm conseguiu fazer que deixasse de ser a favor da mudança da bandeira e queira manter a atual."
Mas as críticas não se ficaram pelo Twitter, no qual não faltou quem denunciasse o custo do processo: 26 milhões de dólares neozelandeses (quase 15 milhões de euros). Num artigo de opinião no The New Zealand Herald, o jornalista Karl Puschmann escreveu: "Deram-nos uma oportunidade única de nos reinventarmos, de nos unirmos atrás de um símbolo que mostre ao mundo quem somos e o que defendemos. De nos afirmarmos como nação e dizer, orgulhosamente, somos kiwis, oiçam-nos." E lamenta que, "graças ao olho destreinado do Painel para a Consideração da Bandeira, uma destas quatro aberrações [possa] tornar-se o novo símbolo da nossa identidade".
Mais otimista mostrou-se John Key. Em Auckland, o primeiro--ministro não escondeu que a sua preferência entre as finalistas vai para as bandeiras com a folha de feto e as quatro estrelas do Cruzeiro do Sul. O chefe do governo recordou que a folha de feto faz parte da história da Nova Zelândia, encontrando-se nas sepulturas de todos os militares mortos no estrangeiro. Presente tanto na bandeira como nas camisolas dos All Blacks - a seleção nacional de râguebi famosa pela haka, a dança maori que fazem antes do jogo para intimidar o adversário -, a folha de feto garante ainda reconhecimento imediato, o que, segundo Key, pode ser positivo para a economia.
Apesar da sua defesa da nova bandeira, o primeiro-ministro explicou que, caso os neozelandeses decidam no final ficar com a atual - fundo azul, com a Union Jack no canto superior esquerdo e as quatro estrelas vermelhas do Cruzeiro do Sul -, terá todo o orgulho em servi-la. Foi para encontrar uma alternativa a uma bandeira considerada por muitos como sinónimo do período colonial que foi lançado este processo. Tudo começou com dez mil ideias, reduzidas a 40 e agora a quatro.
O objetivo, explica Key, é encontrar um desenho que "junte elementos do passado com o multiculturalismo atual" de um país do Pacífico que mesmo sendo independente de facto do Reino Unido apenas desde 1947 (mantém a rainha Isabel II como chefe do Estado) se destacou por exemplo por ser o primeiro país no mundo a dar o direito de voto às mulheres em 1893.