Nova gafe de Berlusconi com campos de concentração
"Desprezíveis", "delirantes" ou "um insulto". É assim que as declarações de hoje de Silvio Berlusconi estão a ser encaradas em Itália. "Para os alemães, os campos de concentração nunca existiram", afirmou o antigo primeiro-ministro italiano, ressuscitando um tema que já tinha provocado escândalo em 2003.
Nessa época, Berlusconi aconselhou o agora candidato à presidência da Comissão Europeia Martin Schulz, então mero deputado, a fazer um papel de guarda nazi nos filmes sobre os campos de concentração.
Onze anos depois, o antigo primeiro-ministro italiano garantiu: "Eu não queria insultá-lo, mas foi um escândalo, porque para os alemães os campos de concentração nunca existiram. Os de Katyn [onde milhares de polacos morreram nas mãos da polícia secreta soviética] existiram, mas os alemães não", afirmou.
"Há um senhor chamado Schulz pelo qual fiz uma campanha extraordinária, um senhor que não tem simpatia por Berlusconi nem por Itália. Votar na esquerda significa votar nele", disse ainda.
Declarações imediatamente condenadas pelo presidente do Partido Socialista Europeu, que as considerou "desprezíveis". Segueï Stanichev apelou aos líderes do Partido Popular Europeu, de que faz parte o Forza Itália, movimento de centro-direita de Berlusconi, assim como o seu candidato à presidência da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, para que as condenassem.
"Estes comentários são um insulto para o povo alemão, não apenas para Martin Schulz. Esta é uma tentativa cínica de distrair [os eleitores] dos problemas reais, que são a necessidade de aumentar o emprego e de crescimento na Europa", afirmou.
David Sassoli, chefe da delegação do Partido Democrata no Parlamento Europeu, considerou que as declarações de Berlusconi se deveram a "uma taxa de alcoolismo elevada".