Notícia revela que os homens são esquisitos

Publicado a
Atualizado a

Há um ano, vindo de festa em Lisboa, um tipo atropelou um rapaz no Fogueteiro, sul do Tejo. Fugiu, foi para casa, na Amora, meteu o carro na garagem, lavou-o e deixou-o guardado durante nove dias. Entre a tragédia e o esconderijo, estamos a falar dum raio máximo de 5 kms. O tribunal vai agora julgar o condutor, confirmar o atropelamento, medir, em pena, as circunstâncias da fuga, e até os pormenores do esconder o incidente. Mas não, não é sobre o acidente que eu gostaria de ouvir o homem que atropelou, fugiu e escondeu. À justiça o que é da justiça... Queria ouvi-lo sobre coisas pequenas como, por exemplo, o que o levou ao que fez ao nono dia do carro guardado - e escondido com êxito porque nenhuma autoridade foi bater à porta do condutor. Até ao nono dia, um crime (ou um azar) perfeito. As consequências desse crime (ou azar) já o condutor as conhecia: o rapaz morreu. Quem não compraria todos os jornais para saber do vulto que atropelou? Em todo o caso, tendo-se passado nas vizinhanças, o condutor conhecia essa morte. Pois, ao nono dia, ele telefonou à seguradora, para consertar os danos! Alertada, a PSP apanhou-o. Quer dizer, o condutor não pegou no carro, foi às Terras de Basto, 500 quilómetros acima, encontrou uma garagem manhosa e pagou do seu bolso os arranjos... Não, ele quis estar segurinho, queria o crime (ou azar) gratuito. Não sei porque nunca se ouvem as pessoas sobre estas coisas pequenas e extraordinárias da vida.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt