Nostalgia da Califórnia de 60 no regresso de Brian Wilson
Música. Edição esta semana no mercado português
Canções evocam memórias dos melhores dias dos Beach Boys
A Califórnia sempre foi cenário protagonista em grande parte das canções de Brian Wilson. Começou por retratá-la com luminosas cenas de surf, sol e praia, nos primeiros discos dos Beach Boys, em inícios da década de 60. Agora, quase 50 anos depois, regressa "a casa" em That Lucky Old Sun, uma carta de amor ao seu mundo (e principal fonte de inspiração durante mais de 40 anos de carreira musical).
Reconhecido como um dos "génios" maiores da geração pop da década de 60, Brian Wilson não resistiu ao cocktail de problemas que o atormentaram em 1967, sobretudo dramas domésticos e a frustração de não conseguir terminar, como desejava, o álbum Smile (que sonhara como o "disco perfeito", de certa maneira em resposta ao Sgt. Peppers dos Beatles). Ainda se manteve activo nos Beach Boys (como compositor), até finais de 60, mas aos poucos foi cedendo o protagonismo. Parte dos anos 70 passou-os na cama, tomando comprimidos. Depois de 75 regressou ao trabalho com o grupo e, em 1988, iniciou carreira a solo. A nova música revelava-se, apesar de alguns belos momentos (como em Orange Create Art, de 1995), frequentemente aquém do seu melhor. E só em 1998 aceitou regressar aos palcos.
Gravou sete álbuns a solo entre 1998 e 2004. Mas foi nesse ano, ao apresentar a sua versão "definitiva" do mítico Smile, que deu sinais mais sólidos de recuperação efectiva. A edição do álbum foi aclamada com o entusiasmo de quem vê por fim cumprido o que parecia ser uma missão impossível. Brian Wilson estava de volta!
That Lucky Old Sun, que se sucede a um discreto álbum de Natal editado em 2005, assinala segura continuidade aos feitos do Smile de 2004, sugerindo uma viagem de nostalgia à Califórnia de 1961. A mesma que, então, assistiu aos seus primeiros passos na música. Este sentido de nostalgia é visível em composições (e arranjos) que evocam o som dos Beach Boys de 60.
O álbum nasce de uma colaboração, na escrita, do letrista Van Dyke Parks (o mesmo que havia colaborado, há 41 anos, em Smile). E é resultado de um desafio lançado pelo Southbank Centre, de Londres, em 2007, onde estas canções foram então estreadas. O disco está, globalmente, a acolher críticas favoráveis.