No passado fim de semana estive em Salamanca num encontro cultural e achei-me à conversa com uma escritora equatoriana (a viver em Madrid) e um jovem artista do Porto ligado à dança contemporânea. Ela, muito comprometida com várias causas progressistas, descrevia a Chueca, o seu bairro preferido:.- Não há nada igual, não é que os gays sejam tolerados, o bairro é deles! Se alguém é tolerado são os heterossexuais..Ele, abertamente gay, refletiu um bocadinho e respondeu:.- Acho fixe, mas sabes, prefiro morar num bairro diverso, onde haja de tudo. Para estar com gente parecida comigo já basto eu..Fiquei a pensar naquilo e na tendência para a segmentação social a que temos assistido. Parece-me perigosa e propensa à criação de guetos. Não gosto da ideia de bairros gay ou heterossexuais, nem de brancos, pretos, pobres ou gente bem. A grande vantagem das cidades é podermos conviver com a diferença e aprendermos com ela, aceitarmos o outro como é e não porque se parece. Tem razão o rapaz, para estarmos connosco bastamos nós..Escritor. escreve de acordo com a antiga ortografia