Noronha Lopes apresenta candidatura ao Benfica e deixa recado a Jesus
João Noronha Lopes, 53 anos, formalizou esta quinta-feira a sua candidatura às eleições do Benfica que se realizam em outubro, assumindo-se como alternativa a Luís Filipe Vieira.
"Não podia ficar de fora. Aqui estou com enorme vontade de começar uma nova dinâmica, que ponha o Benfica onde os benfiquistas querem que esteja. Há 20 anos estive com Vilarinho, fiz parte da transformação que nos devolveu a dignidade. Vilarinho foi o homem certo e soube sair no tempo certo. É muito importante mas difícil saber quando sair. Depois o clube modernizou-se, os benfiquistas e eu reconhecem o trabalho de Vieira mas agora assistimos no último mandato à desorientação, incoerência e contradição. Acima de tudo, a um desvio do que é essencial, o sucesso desportivo", referiu nesta quinta-feira durante a apresentação da sua candidatura, cujo lema é "A Glória é agora".
Noronha Lopes considera que se chegou "ao fim de um ciclo no Benfica" e que é altura de os sócios "decidirem o que querem para o futuro". "A resposta é clara: ganhar. Ganhar em todos os campos e pavilhões. Um Benfica que põe a sua alma nos mesmos objetivos de quem o ama. De quem se arrepia a ouvir o hino e ver a águia pousar. De quem tem na cabeça uma única causa: ganhar. O negócio do Benfica é vencer jogos e os nossos maiores dividendos tem de ser os títulos", acrescentou.
"O Benfica não pode ser apenas visto como uma empresa, tem de ser muito mais do que isso. Temos de aliar a sustentabilidade financeira ao sucesso desportivo. Precisamos como nunca de ambição, credibilidade e transparência. Porque queremos ganhar agora, não podemos adiar a glória que foi nossa, adiar o Benfica europeu. E nós sabemos como fazê-lo. Credibilidade: temos de ter estratégia de longo prazo, que não varia ao sabor das luzes ou calendário eleitoral", sublinhou.
O candidato à presidência do Benfica deixou ainda alguns recados a Jorge Jesus, novo treinador das águias.
"Quando Jesus saiu do Benfica teve comportamentos dos quais eu não gostei. Por isso deve uma explicação aos benfiquistas e espero que o faça. É um grande treinador, é o treinador do Benfica e o meu treinador. O que não percebo é como pode ser o treinador de Luís Filipe Vieira. Quando foi empurrado, porque não cabia no projeto, quando foi interposta uma ação de 14 milhões de euros e foi acusado de deslealdade, quando, ainda há pouco tempo, Luís Filipe Vieira disse que Jorge Jesus não voltaria ao Benfica...", comentou.".
João Noronha Lopes, 53 anos, gestor formado em Direito pela Universidade de Lisboa, foi vice-presidente mundial da McDonald"s e esteve na direção de Manuel Vilarinho, que antecedeu Luís Filipe Vieira.
"Boa tarde a todos.
O meu nome é João Noronha Lopes, sou o sócio 5001 e sou Benfiquista desde que nasci.
Lembro-me da primeira ida ao estádio antigo. Era um Benfica-Farense. Golo do Rei e a marca desse jogo ficou comigo para sempre.
Cresci com o Benfica, estive na final com o Anderlecht, celebrei o golo de Vata no vulcão do 3° Anel, puxei pelos nossos em Amesterdão, celebrei no Marquês e celebrei em Paris, juntamente com muitos emigrantes.
"Porque é que te vais meter neste mundo?" Ouvi isto muitas vezes.
Como se o mundo do futebol não pudesse ser um mundo respirável.
Um mundo onde cabe gente lutadora. Determinada. Credível.
Mais ou menos as mesmas vezes em que ouvi: "Avança, o Benfica precisa de mudar".
Há vinte anos, quando o Benfica corria um grande perigo, não fiquei de fora.
Agora, quando acredito que temos de fazer muito melhor (mas muito melhor mesmo).
Agora quando sei que a minha ambição para o Benfica é a mesma que está inscrita no coração de cada benfiquista...
Agora, mais uma vez, não podia ficar de fora.
Por isso aqui estou, com vontade de começar uma nova dinâmica. Uma nova dinâmica que ponha o Benfica onde os Benfiquistas o querem.
Há vinte anos estive com Manuel Vilarinho.
Fiz parte da transformação que nos devolveu a dignidade e manteve o Benfica nas mãos dos Benfiquistas. Nas nossas mãos.
Vilarinho foi o homem certo e soube sair no tempo certo. É muito importante (e às vezes muito difícil) saber quando sair!
Depois, o clube modernizou-se e profissionalizou-se. Os Benfiquistas reconhecem o trabalho de Luís Filipe Vieira.
Mas agora - e é no agora que estamos - assistimos no último mandato à desorientação, à incoerência, à incapacidade de aprender com os próprios erros. À contradição entre o que é dito e o que é feito.
Acima de tudo, a um desvio do que é essencial: o sucesso desportivo.
Chegámos ao fim de um ciclo no Benfica. É altura de decidir o que queremos para o nosso futuro.
E a resposta, Benfiquistas, é clara: ganhar. Ganhar em todos os campos e em todos os pavilhões.
Queremos um Benfica que sonha o mesmo sonho dos que não dormem por sua causa.
Um Benfica que põe toda a sua alma nos mesmos objetivos de quem o ama; de quem faz quilómetros para o ver na Luz, em todos os estádios de Portugal e no mundo; de quem se arrepia ao ouvir o hino; de quem chora ao ver a águia pousar; de quem tem no coração e na cabeça uma única ideia: ganhar. Ganhar mais.
O negócio do Benfica é vencer jogos e os dividendos que mais celebramos são as vitórias.
A ambição do Benfica tem de ser a ambição dos Benfiquistas. Neste momento não é.
O Benfica não pode ser apenas visto como uma empresa, tem que ser mais do que isso.
Temos de aliar sustentabilidade financeira com sucesso desportivo.
Os grandes palcos são o objetivo de tudo o que fazemos. No futebol, nas modalidades. Em Portugal, na Europa.
Sublinho, na Europa. Portugal não basta. Não pode bastar ao Sport Lisboa e Benfica!
Precisamos, como nunca, de ambição.
Precisamos, como nunca, de credibilidade.
Precisamos, como nunca, de transparência
Ambição.
Para isso é preciso mudar. Agora.
Porque é agora que queremos ganhar.
Não podemos adiar mais a glória que já foi nossa.
Não podemos adiar mais o Benfica europeu que os Benfiquistas merecem.
Sabemos como fazê-lo.
Credibilidade.
Um projeto estratégico de longo prazo. Um projeto que não varia ao sabor de luzes. Da vontade de um homem só. De calendários eleitorais.
Apresentarei uma equipa de grandes Benfiquistas. Uma equipa que partilha a mesma visão do clube.
Uma equipa de profissionais de excelência em várias áreas. Disponíveis. Capazes de cumprir os objetivos ambiciosos a que nos propomos.
Comigo, os Benfiquistas têm uma garantia: digo o que faço e faço o que digo.
Transparência
Proporemos aos sócios uma revisão de estatutos que, entre outras mudanças, introduza a limitação de mandatos e, muito importante, proporemos um Código de Conduta que impeça conflitos de interesse entre membros dos órgãos sociais e entre membros dos órgãos sociais e acionistas.
Travaremos uma luta sem tréguas contra a opacidade no futebol português.
Contra os interesses instalados e contra os dirigentes de outros clubes que nunca mudarão, e que representam o passado e o pior do nosso futebol.
O nosso grande Presidente, Joaquim Ferreira Bugalho, disse um dia: "respeitem sempre o dinheiro do clube. É dinheiro de gente simples e humilde. Sirvam-no. Não se sirvam dele". Hoje, como ontem, devemos guiar-nos por este exemplo. Também ele estava a falar de transparência e de credibilidade!
Somos o resultado de uma entusiasmante epopeia. Uma epopeia iniciada há mais de 100 anos, por um grupo de rapazes que se reuniu aqui bem perto, em Belém, na Farmácia Franco. Que depois andou com a casa às costas - sem beneficiar de favores do poder e dos poderosos. Um grupo que nasceu popular e se fez Glorioso.
Glorioso pela ambição, mas Glorioso também pela grandeza ética (das suas figuras maiores. De Cosme Damião a Félix Bermudes; De Maurício Vieira de Brito a Borges Coutinho.
São esses exemplos que nos fizeram a todos Benfiquistas, são esses exemplos que alimentam os sonhos futuros de todos os Benfiquistas.
O futuro do Benfica começa agora. Uma vez mais. Com ambição. Com credibilidade. Com transparência.
Benfiquistas, apresento-me aqui, hoje, para dar o melhor de mim.
Para servir e para retomar a jornada de Glória do Sport Lisboa e Benfica.
Para ser o vosso 34º Presidente."