Um bloco de mármore em bruto sobre outro trabalhado, com seis nomes gravados, perpetua, a partir de hoje, na praia do Meco, Sesimbra, a memória dos seis jovens que morreram no local, em 2013..O memorial, da autoria do escultor João Cutileiro, foi colocado nas dunas, na mesma zona de praia onde, a 15 de dezembro de 2013, os seis jovens morreram afogados, depois de se terem deslocado para a praia durante a noite, no âmbito de um fim de semana para debater as praxes académicas..Os seis, com outro jovem que se salvou, eram estudantes universitários e pertenciam à comissão de praxes. Os pais levaram o caso à justiça e sempre consideraram que as reais circunstâncias da morte nunca foram esclarecidas..Hoje, na sequência de um pedido dos pais de construção de um memorial, que a Câmara apoiou, fez-se a cerimónia de inauguração, com familiares e amigos das vítimas no local, e muitas flores colocadas junto do monumento, na areia..O presidente da Câmara de Sesimbra, Augusto Pólvora, em breves palavras, lembrou a noite em que, por razões desconhecidas e "até hoje não esclarecidas", os jovens foram para a praia e os dias de busca que se seguiram. Meses depois, disse, foi contactado pelos pais para a construção do memorial, um apelo a que não podia ficar indiferente, ele que também perdeu o pai no mar, contou. A obra, disse, é uma homenagem aos jovens que morreram mas também à perseverança dos pais e aos que, de todas as idades, "o mar levou a vida"..Manuel Carrasqueiro, tio de uma das vítimas, em nome das famílias, também lembrou os dias de busca dos corpos, e o momento seguinte em que sentiram que era preciso saber mais, investigar o que realmente se tinha passado, algo que, disse, não estava a ser feito..E falou de pessoas que "disseram muitas coisas nos primeiros dias" que mais tarde "optaram por não dizer", falou da falta de verdade em todo o caso e criticou as praxes que se fazem nas universidades.."Não estamos a fazer nada. O que estamos a fazer é não mexer nas coisas. Temos de contribuir, ajudar, para que não volte a acontecer", disse, defendendo que é preciso legislar para que, de futuro, quando acontecer um caso idêntico, seja averiguado..Palavras no areal, junto ao monumento de Cutileiro, um grande bloco de mármore em bruto, como bruta foi a morte dos jovens, nas palavras do escultor. E os nomes na parte traseira, para que quem os leia, veja o mar ao mesmo tempo..Cutileiro, disse, partilha as dúvidas dos pais, diz que a história "está a ser muito mal contada". E não valoriza o movimento da população local contra a obra. "Têm os seus direitos", de protestar, como os pais têm o direito de a querer. E se a vandalizarem? Cargaleiro encolhe os ombros: "Que posso eu dizer? Se quiserem". Mas duvida que consigam vandalizar dois blocos brutos de mármore.