Nomeações: PJ triplica diretores nacionais adjuntos

Apesar do quadro de pessoal prever lugares para quatro adjuntos, o anterior diretor nacional, Almeida Rodrigues, apenas teve um desde 2011 até à sua saída este ano
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O novo diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, terá três diretores nacionais adjuntos na sua equipa, o que não acontece nesta polícia desde 2011. O seu antecessor Almeida Rodrigues, que foi substituído em junho último, teve durante sete anos apenas um adjunto, o procurador Pedro do Carmo, o que mereceu algumas críticas internas.

"Congratulamos o novo diretor por ter tomado esta decisão, pois era uma das lacunas da anterior direção", assinala Ricardo Valadas, presidente da Associação Sindical dos Funcionários da Carreira de Investigação Criminal (ASFIC). Este dirigente sindical explica que "não é exequível que uma só pessoa concentre todas as tarefas de gestão que incluem tão variadas componentes, desde a parte operacional, à financeira e logística, ou a análise de informação". Ricardo Valadas salienta que "há toda uma dinâmica na tomada de decisões que não pode estar centralizada apenas numa pessoa. Acreditamos que grande parte dos problemas da anterior direção resultava desse facto".

Quanto à nova equipa, o representante dos inspetores dá a sua "total aprovação". "É uma equipa forte e reconhecida pelos seus méritos e capacidades", sublinha. Reforça, no entanto, que o preenchimento total do quadro de pessoal, além de se aplicar aos diretores nacionais adjuntos (embora ainda fique a faltar um) se deveria também estender aos inspetores. "Essa é a nossa grande preocupação e prioridade neste momento", afiança, recordando que atualmente a PJ tem cerca de 1000 inspetores, num quadro que prevê 2500.

CSI, informações e fundos comunitários

Amanhã, sexta-feira, mais de um mês depois de Luís Neves ter assumido o cargo, tomam posse os novos diretores nacionais adjuntos. Pela primeira vez uma mulher vai fazer parte deste núcleo duro do comando da Judiciária. Trata-se de Luísa Lambelho Proença, licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela faculdade de Letras de Lisboa, que a PJ foi recrutar ao ministério da Justiça (MJ), pela sua experiência na gestão de fundos comunitários e que será a ponta de lança para angariar financiamentos para os projetos da polícia.

Luísa Proença é, desde dezembro de 2015, a responsável pelos Fundos Europeus da Justiça, tendo assegurado a coordenação de vários projetos, incluindo na área das tecnologias da informação. É representante do MJ nas negociações do quadro financeiro plurianual 2021-2017 e é perita externa da Comissão Europeia no Fundo de Segurança Interna.

Carlos Farinha, atual diretor do Laboratório de Polícia Científica (o CSI da PJ), e Verísismo Milhazes, atual diretor da Unidade de Informação de Investigação Criminal, são os outros dois nomes que Luís Neves quis que subissem para o último andar do quartel-general da PJ, onde se localiza o piso da direção.

Carlos Farinha é doutorado em Ciências Criminais, pela faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e é coordenador superior de investigação criminal desde 2008 e dirige o LPC desde 2009. Tem vários estudos e artigos científicos publicados sobre as ciências forenses na investigação criminal e conquistou diversos louvores pela sua ação na PJ, sendo três deles merecedores de destaque, todos da parte do ex-Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro. De acordo com a sua síntese curricular publicada em Diário da República, em 2008 foi distinguido duas vezes, uma pela sua participação no grupo de trabalho de prevenção do abuso e do comércio sexual de crianças institucionalizadas, outra pelo "Dossier Corrupção Madeira". Em 2010 teve um louvor pela preparação da equipa especial de investigação do "Processo Apito Dourado".

Veríssimo Milhazes é perito em recolha e análise das informações criminais. É licenciado em direito e pós-graduado em Guerra da Informação. Passou por vários departamentos operacionais da PJ e coordenou diversas secções, com destaque para a Secção de Crimes Sexuais, Incêndios, burlas, associações criminosas, homicídios e roubo.

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