Nokia está de volta e não é só pelo saudosismo
O regresso da marca Nokia aos telemóveis está a ser um êxito superior ao que muitos observadores previram (incluindo eu próprio, diga-se: www.dn.pt/i/5533230.html). A HMD, a empresa que adquiriu o direito de usar a marca finlandesa, tem conseguido manter-se na memória coletiva através de jogadas de marketing inteligentes, como a recuperação do mítico modelo 3310, enquanto simultaneamente produz smartphones de sólida qualidade.
No World Mobile Congress deste ano, que se realizou no início da semana, voltaram a fazer o mesmo: apresentaram um modelo "saudosista" ao mesmo tempo que mostraram quatro novos smartphones, para praticamente todos os preços. Pelo caminho, ficou ainda uma notícia que terá passado despercebida à maioria dos potenciais clientes, mas que é muito importante para dar a esta nova Nokia relevância no ultrassaturado mercado Android. Já lá voltamos.
Como não podia deixar de ser, as atenções centraram-se na recuperação do modelo 8110, mais conhecido como o "Matrix". O telemóvel feito para o filme com Keanu Reeves de 1999 ganhou nova encarnação, incluindo o formato em "banana" e a tampa que cobre o teclado - só que, ao contrário do que vimos no grande ecrã, não desliza automaticamente... Um featurephone que é um verdadeiro regresso ao passado, só que com internet 4G.
Quanto aos aparelhos mais a sério, o Nokia 1 é um modelo de entrada (cerca de 100 euros) com o novo sistema operativo Android Go - mais leve, para máquinas pouco potentes; o novo Nokia 6 (cerca de 280 euros) vem equipado com um processador Snapdragon 630 ; o Nokia 7 Plus (cerca de 400 euros), cujo processador Snapdragon 660, os 4Gb de RAM e as câmaras de 12, 13 e 16 megapíxeis fazem que ele mereça um lugar em qualquer short list de compras neste segmento; e o Nokia 8 Sirocco, um verdadeiro topo de gama (processador Snapdragon 835, 6 Gb de RAM, 128 Gb de armazenamento...), com ecrã que ultrapassa as margens, corpo totalmente revestido a vidro e carregamento de bateria sem fios que poderão justificar os 750 euros de preço.
Por último, o fator que distingue estes modelos da maioria da concorrência: a Nokia faz agora parte do programa Android One. Isto significa que estes aparelhos receberão todas as atualizações ao mesmo tempo que os smartphones Pixel da Google - mais cedo do que os outros. Além disso, o sistema instalado é praticamente "puro", sem estar carregado daquelas "personalizações" irritantes que as marcas gostam de meter nos aparelhos. Só por isto, faz todo o sentido voltar a pensar comprar um telemóvel Nokia.