"No Brasil não há muita fome porque há muita manga", diz ministra de Bolsonaro

Frase da titular da agricultura, Tereza Cristina, foi dita na Câmara dos Deputados. Milionária, a política é chamada de Musa do Veneno, por ter sido patrocinada na campanha por empresários ligados aos agrotóxicos.
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Uma frase da ministra da agricultura do Brasil dita durante um depoimento na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados gerou controvérsia e reações acaloradas no país. Disse Tereza Cristina, a meio do seu raciocínio sobre a importância do setor agrícola na economia nacional, que no Brasil não há muita fome porque há muita manga.

"A agricultura, para países que já tiveram guerra, que já passaram fome, para eles é segurança nacional. Nós nunca tivemos guerra, nós não passamos muita fome, porque nós temos manga nas nossas cidades, nós temos um clima tropical. Então, aqui nós temos miséria, sim. Nós precisamos tirar o povo da miséria. Mas esses países têm muito apreço pelos seus produtores", disse a ministra.

A frase de Tereza Cristina, que é, juntamente com a titular dos direitos humanos, Damares Alves, uma das duas mulheres no executivo de Jair Bolsonaro, foi mal recebida também pelo facto dela ser milionária. O seu património pessoal declarado é de cerca de seis milhões de reais, perto de 1,5 milhões de euros, mas Tereza pertence ao clã Corrêa da Costa, que governou por gerações o estado do Mato Grosso do Sul e é dono de um dos maiores impérios latifundiários da região.

Tereza, que antes de subir a ministra, liderava a poderosa bancada ruralista da Câmara dos Deputados, um grupo suprapartidário também conhecido na gíria de Brasília por Bancada do Boi que defende o interesse dos grandes latifundiários e pecuaristas do Brasil.

Já no momento da posse, a ministra fora notícia por se ter descoberto que entre os seus principais doadores de campanha estão alguns dos mais fortes comerciantes de agrotóxicos no país. O que lhe valeu a sugestiva alcunha de Rainha, ou Musa, do Veneno.

Em São Paulo

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