Nevoeiro cerrado e uma bola de fogo. "Ninguém sobreviveria àquilo"
A culpa terá sido do nevoeiro cerrado. Esta é a primeira explicação avançada para a queda do helicóptero, que, no domingo de manhã, causou a morte à estrela da NBA, Kobe Bryant, de 41 anos. No acidente morreram também Gianna, de 13 anos, uma das filhas do antigo jogador, e outras sete pessoas.
O helicóptero atravessava a neblina quando caiu nas colinas acima de Calabasas. O xerife do condado de Los Angeles, Alex Villanueva, confirmou ao Los Angeles Times que seguiam nove pessoas a bordo do aparelho - um piloto e oito passageiros. Devido às condições do local do acidente, que fica numa área remota, as autoridades já disseram que levará alguns dias até ser possível a recuperação dos corpos. Entretanto, as estradas que dão acesso ao local foram encerradas devido à multidão de curiosos e fãs do atleta que estaria a dirigir-se para a zona do acidente.
O helicóptero, um Sikorsky S-76B construído em 1991, partiu do Aeroporto John Wayne às 9:06 da manhã de domingo, de acordo com o registo de voo. O acidente aconteceu pouco antes das 10 da manhã, perto da Las Virgenes Road e Willow Glen Street, em Calabasas.
As autoridades receberam um alerta do serviço de emergência 911 às 9h47 e os bombeiros encontraram à chegada um foco de incêndio localizado numa zona de terreno íngreme. Para o local, foram enviados 56 bombeiros, além de um helicóptero com paramédicos. Tudo ardia. O helicóptero e o terreno à volta, descreveram os operacionais.
A Administração Federal de Aviação, o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes, bem como o FBI já estão a investigar as circunstâncias do acidente.
De acordo com os dados, não há registo de nenhum acidente com o helicóptero em que Kobe Bryant viajava. O fabricante do helicóptero, Sikorsky, disse em comunicado, ainda no domingo, que está a colaborar com a investigação das autoridades.
Havia nevoeiro intenso, pelo menos o suficiente para que a Divisão de Suporte Aéreo do Departamento de Polícia de Los Angeles decidisse parar os seus helicópteros na manhã de domingo - não voaram até ao final da tarde, disse o porta-voz do departamento, Josh Rubenstein.
"A situação climática não correspondia aos nossos padrões mínimos de voo", afirmou Rubenstein. A polícia de Los Angeles só considera estarem reunidas as condições adequadas para os seus helicópteros voarem quando existem três quilómetros de visibilidade e um teto de nuvens de 200 metros, explicou o responsável.
O Departamento do Xerife do Condado de L.A. fez uma avaliação semelhante sobre o nevoeiro, tendo afirmado que não tinha helicópteros no ar na manhã de domingo "basicamente por causa do clima", disse Alex Villanueva.
De acordo com Kurt Deetz, da Island Express Helicopters, que chegou pilotar o helicóptero de Bryant, as condições climatéricas na manhã de domingo "não eram nada boas". Considera mesmo que é mais provável que o acidente tenha ocorrido devido ao estado do tempo do que por razões técnicas. "A probabilidade de uma falha catastrófica dos dois motores naquela aeronave - isso simplesmente não acontece", considerou Deetz ao Los Angeles Times.
Tendo em conta o registo público da trajetória do voo e o facto de os destroços estarem espalhados por uma vasta área, o antigo piloto acredita que o helicóptero estava em excesso de velocidade no momento do impacto, a cerca de 320 quilómetros por hora. Deetz explica que após um voo de 40 minutos, o aparelho teria um depósito de combustível considerável, o "suficiente para iniciar um incêndio bem grande".
Jerry Kocharian estava na rua aquando da queda do helicóptero e lembra-se de "uma grande bola de fogo". "Ninguém sobreviveria àquilo", afirmou. Relata que o helicóptero estava a voar muito baixo e com dificuldades. "Vi-o a cair, mas era difícil distinguir porque estava muito nevoeiro".
O site TMZ, que avançou com a notícia da morte de Kobe Bryant, refere que o helicóptero onde o antigo atleta seguia sobrevoou, pelo menos seis vezes, o jardim zoológico de Los Angeles numa altitude muito baixa. Terá sido aí que se deparou com dificuldades devido ao nevoeiro que se fazia sentir na manhã de domingo na cidade norte-americana.
O TMZ adianta que o piloto do helicóptero de Bryant contactou a torre de controlo de aeroporto de Burbank por volta das 09:30. "A torre sabia que o piloto estava a sobrevoar em círculos durante 15 minutos", escreve o site. O helicóptero seguiu depois para norte antes de virar para oeste. Às 09:40, as condições climatéricas terão piorado fazendo com que o helicóptero virasse para sul, para uma zona montanhosa, o que viria a ser fatal.
Entre as vítimas está o treinador de baseball John Altobelli, revelou a faculdade Orange Coast College. "Um professor, treinador, colega e amigo amado. É uma perda tremenda para a comunidade", reagiu a faculdade nas redes sociais. Também Keri Altobelli e Alyssa, mulher e filha do treinador, morreram no acidente.
A treinadora de basquetebol feminino, Christina Mauser, da Harbor Day School, também estava a bordo do helicóptero que se despenhou em Calabasas. A confirmação foi feita pela autarca de Costa Mesa, Katrina Foley. "Ela treinou uma equipa feminina. Esta terrível tragédia piora a cada momento. Tanta dor para tantas famílias locais. Os nossos corações estão partidos e de luto pelas famílias afetadas", escreveu a governante na rede social Twitter.
O marido da treinadora, o cantor Matt Mauser, dos Tijuana Dogs, confirmou a morte da mulher. "Os meus filhos e eu estamos arrasados. Perdemos nossa linda esposa e mãe num acidente de helicóptero. Por favor, respeitem a nossa privacidade".
Kobe Bryant e a filha dirigiam-se à Mama Academy, que o antigo atleta fundou, situada na cidade de Thousand Oaks. Gianna, uma estrela em ascensão no barquetebol, iria participar num torneio da modalidade.