As quartas eleições no espaço de dois anos em Israel não foram suficientes para desbloquear o impasse político no país. O Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, foi o mais votado, devendo eleger 30 deputados. Mas mesmo com os seus tradicionais aliados e o apoio esperado (mas não certo) do Yamina, só chega aos 59 representantes, ficando a dois da maioria. A chave pode estar nos cinco deputados da Lista Árabe Unida (ou Ra"am, islamista) de Mansour Abbas. "Não descartarei ninguém", disse Netanyahu..Quando estavam contados cerca de 90% dos votos - faltavam os dos diplomatas, forças de segurança e pessoas que têm covid-19 ou estão em quarentena - o segundo partido mais votado era o Yesh Atid, do líder da oposição Yair Lapid, que deverá eleger 17 deputados. Na prática, os opositores têm 56 representantes (ficam a cinco da maioria), mas há também conflitos no grupo, não sendo automática uma união para afastar Netanyahu..Dentro do bloco opositor, está a antiga aliança Azul e Branca, de Benny Gantz. O atual ministro da Defesa disputou a vitória com Netanyahu nas últimas três eleições (chegou a ser o mais votado), mas há um ano aceitou fazer um acordo com ele para desbloquear o impasse. No entanto, a relação tensa e a falta de acordo para aprovar o Orçamento, levaram os israelitas às urnas. Castigado, o partido de Gantz não deverá ir além dos oito deputados (ainda assim melhor do que o esperado nas sondagens)..O curioso é que, se a formação de governo se atrasar, Gantz poderá ainda vir a ser primeiro-ministro interino. O acordo de partilha de poder que assinou com Netanyahu previa que assumisse a chefia do governo a 21 de novembro de 2021. Se as negociações demorarem ou até se for necessário voltar às urnas e se repetir o cenário de divisão, essa hipótese continua em cima da mesa. Mais um motivo de pressão para Netanyahu, cujo julgamento por corrupção deverá entretanto continuar..Ainda dentro da oposição a Netanyahu, o Yisrael Beiteinu de Avigdor Lieberman deverá eleger sete deputados, tantos quanto o Partido Trabalhista. O Nova Esperança, de Gideon Sa"ar (que deixou o Likud depois de ter desafiado Netanyahu na luta pela liderança partidária), terá seis. Os mesmos da Lista Conjunta de partidos árabes, onde já esteve o Ra"am. Finalmente, o Meretz pode eleger cinco deputados, o que leva a oposição para os 56..Daí a importância do Ra"am como "fazedor de reis", aquele que pode decidir para um ou outro lado. Nas semanas antes das eleições, Abbas mostrou abertura para negociar com Netanyahu, apesar de o primeiro-ministro ter muitas vezes demonizado os árabes israelitas (que representam 20% da população de Israel). Ontem, contudo, um dos membros do partido disse que não estariam disponíveis para um acordo com "racistas"..Em causa está a aliança do Sionismo Religioso, de terá eleito seis deputados essenciais para as contas de Netanyahu. O apoio ao primeiro-ministro completa-se com os aliados tradicionais do Shas (nove deputados) e do Judaísmo Unido da Torá (sete). O Yamina, do seu antigo protegido Naftali Bennett, com quem agora tem uma má relação, disse que está à espera dos resultados finais para tomar uma posição sobre quem apoiará..susana.f.salvador@dn.pt
As quartas eleições no espaço de dois anos em Israel não foram suficientes para desbloquear o impasse político no país. O Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, foi o mais votado, devendo eleger 30 deputados. Mas mesmo com os seus tradicionais aliados e o apoio esperado (mas não certo) do Yamina, só chega aos 59 representantes, ficando a dois da maioria. A chave pode estar nos cinco deputados da Lista Árabe Unida (ou Ra"am, islamista) de Mansour Abbas. "Não descartarei ninguém", disse Netanyahu..Quando estavam contados cerca de 90% dos votos - faltavam os dos diplomatas, forças de segurança e pessoas que têm covid-19 ou estão em quarentena - o segundo partido mais votado era o Yesh Atid, do líder da oposição Yair Lapid, que deverá eleger 17 deputados. Na prática, os opositores têm 56 representantes (ficam a cinco da maioria), mas há também conflitos no grupo, não sendo automática uma união para afastar Netanyahu..Dentro do bloco opositor, está a antiga aliança Azul e Branca, de Benny Gantz. O atual ministro da Defesa disputou a vitória com Netanyahu nas últimas três eleições (chegou a ser o mais votado), mas há um ano aceitou fazer um acordo com ele para desbloquear o impasse. No entanto, a relação tensa e a falta de acordo para aprovar o Orçamento, levaram os israelitas às urnas. Castigado, o partido de Gantz não deverá ir além dos oito deputados (ainda assim melhor do que o esperado nas sondagens)..O curioso é que, se a formação de governo se atrasar, Gantz poderá ainda vir a ser primeiro-ministro interino. O acordo de partilha de poder que assinou com Netanyahu previa que assumisse a chefia do governo a 21 de novembro de 2021. Se as negociações demorarem ou até se for necessário voltar às urnas e se repetir o cenário de divisão, essa hipótese continua em cima da mesa. Mais um motivo de pressão para Netanyahu, cujo julgamento por corrupção deverá entretanto continuar..Ainda dentro da oposição a Netanyahu, o Yisrael Beiteinu de Avigdor Lieberman deverá eleger sete deputados, tantos quanto o Partido Trabalhista. O Nova Esperança, de Gideon Sa"ar (que deixou o Likud depois de ter desafiado Netanyahu na luta pela liderança partidária), terá seis. Os mesmos da Lista Conjunta de partidos árabes, onde já esteve o Ra"am. Finalmente, o Meretz pode eleger cinco deputados, o que leva a oposição para os 56..Daí a importância do Ra"am como "fazedor de reis", aquele que pode decidir para um ou outro lado. Nas semanas antes das eleições, Abbas mostrou abertura para negociar com Netanyahu, apesar de o primeiro-ministro ter muitas vezes demonizado os árabes israelitas (que representam 20% da população de Israel). Ontem, contudo, um dos membros do partido disse que não estariam disponíveis para um acordo com "racistas"..Em causa está a aliança do Sionismo Religioso, de terá eleito seis deputados essenciais para as contas de Netanyahu. O apoio ao primeiro-ministro completa-se com os aliados tradicionais do Shas (nove deputados) e do Judaísmo Unido da Torá (sete). O Yamina, do seu antigo protegido Naftali Bennett, com quem agora tem uma má relação, disse que está à espera dos resultados finais para tomar uma posição sobre quem apoiará..susana.f.salvador@dn.pt