Netanyahu vence duelo com Gantz, mas fica aquém da maioria
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, venceu o seu frente-a-frente com Benny Gantz, da aliança Azul e Branca, sendo o mais votado nas eleições de segunda-feira. Mas, com 92,6% dos votos contabilizados, o líder do Likud e os seus aliados de direita estão ainda a dois deputados de conseguir a maioria absoluta no Knesset.
Segundo os dados ainda provisórios (resultados finais só devem ser conhecidos na quarta ou quinta-feira), o Likud elege 36 deputados (mais quatro do que nas eleições de setembro), naquela que é o melhor resultado de sempre do partido sob a liderança de Benjamin Netanyahu. O bloco de centro-direita consegue 59 representantes (a maioria absoluta são 61), mas há quem lembre que tinha 60 deputados após as eleições de abril e nunca chegou a conseguir formar governo.
Já o bloco de centro-esquerda elege 54, sendo que a Azul e Branca perde um representante, ficando com 32 deputados. A aliança entre Partido Trabalhista, Gesher e Meretz, que separados tinham conseguido 11 deputados em setembro, agora só elege sete, com 97% dos votos contabilizados. A Lista Conjunta (que inclui os partidos da minoria árabe) sobe de 13 para 15 deputados, o que também representa a maior representação no Knesset desde que este foi formado, em 1949.
O Yisrael Beiteinu, de Avigdor Lieberman, apontado como "fazedor de reis" por ter nas suas mãos a hipótese de dar a um ou outro bloco a maioria, perde três representantes em relação a setembro e elege sete deputados. Os eleitores podem ter castigado o partido por não ter impedido Israel de ir às terceiras eleições no espaço de um ano, por falta de acordo para formar governo. Lieberman já disse que irá impedir umas quartas eleições, aguardando os resultados finais para se pronunciar, sendo que em teoria uma abstenção dos seus deputados permitiria a eleição de Netanyahu.
A participação situou-se nos 71%, acima dos 69,8% da anterior eleição.
Netanyahu, de 70 anos e atrás do quinto mandato, vence as eleições apesar de dentro de duas semanas começar a ser julgado por corrupção, podendo tornar-se no primeiro chefe de governo a sentar-se no banco dos réus quando ainda está no cargo. Netanyahu nega as acusações e diz que está a ser alvo de um julgamento político.
"É uma vitória contra todas as probabilidades", declarou na segunda-feira à noite perante centenas de apoiantes reunidos na sede de campanha. "Conversei recentemente com todos os líderes das fações de direita. Faremos tudo para formar um amplo governo que seja bom para Israel", disse o líder do Likud, acrescentando que as reuniões com os restantes partidos vão começar na próxima terça-feira.
Segundo o jornal israelita Haaretz, o Likud estará a pressionar pelo menos uma deputada da Azul e Branca para desertar e votar a favor de Netanyahu, depois de terem sido reveladas gravações em que um assessor diz que Omer Yankelevich apelidou Gantz de "perdedor idiota inapto para ser primeiro-ministro". De acordo com o jornal, o Likud ameaça revelar mais gravações embaraçosas, mas o partido nega a acusação.
Gantz, que sai derrotado das eleições, admitiu estar desapontado com o resultado: "Partilho o sentimento de deceção e dor. Esperávamos outro resultado", disse aos seus apoiantes durante um comício em Telavive.
As terceiras eleições em Israel no espaço de um ano surgem depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter apresentado o seu plano de paz, que a comunidade internacional critica por ser considerado demasiado pró-israelita (permite a anexação dos colonatos) e que os palestinianos rejeitaram logo à partida.
(Notícia atualizada às 18.45 com números mais recentes)