O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acrescentou mais uma camada de incerteza e de cinismo ao dar o dito por não dito e recusar que no futuro governo de unidade o seu principal adversário fique com a nomeação de juízes. Netanyahu e Gantz concordaram em reatar negociações após a Pessach, a Páscoa judaica.."Os dois falaram da necessidade de um governo nacional de emergência para o bem da nação neste momento e concordaram em prosseguir as discussões após o período de férias", de acordo com uma declaração conjunta divulgada na quinta-feira..No final de março tudo parecia encaminhado para a formação de um governo de emergência e de unidade nacional em Israel. Ao fim de três eleições inconclusivas, o homem encarregado pelo presidente Reuven Rivlin de formar governo, Benny Gantz, líder da Aliança Azul e Branca, abdicou da sua promessa de não formar governo com Benjamin Netanyahu..Apesar de existir uma pequena maioria de deputados dos partidos da oposição, a resistência a aliarem-se ao bloco de partidos árabes, a Lista Conjunta, é superior à ideia de um executivo pós-Netanyahu. Perante essa dificuldade e os apelos à formação de um governo de unidade, devido à pandemia, provenientes do primeiro-ministro em funções (e com o aval do presidente), Benny Gantz, como militar que é, respondeu à chamada da hierarquia. "Neste momento de crise, não tive outra escolha senão pôr a política de lado e escolher o único caminho que nos permite evitar as quartas eleições", justificou-se..Com essa jogada, Gantz sacrificou parte substancial dos seus apoios. A começar pela Aliança, que viu os partidos Yesh Atid e Telem abandonarem o barco. Se após as eleições de março Gantz tinha 61 deputados em 120 a apoiá-lo para que formasse um executivo, agora o apoio está reduzido a 20..Esse foi o preço que Gantz se dispôs a pagar pela formação de um governo com um primeiro-ministro que terá de responder em tribunal por corrupção. Apesar de ter dito desde o primeiro momento que não abdicaria dos princípios democráticos e que não assinaria um acordo a qualquer preço..Entretanto, a emergência causada pelo covid-19 e que, nas palavras do chefe do goveno, é a "maior crise sanitária desde a Idade Média" como que passou para segundo plano. As negociações prosseguiram e esperava-se que o executivo tomasse posse antes da Páscoa, com Netanyahu a manter-se na liderança durante os próximos 18 meses, ao que se seguiria um período igual com a liderança de Ganz..Mas depois de ter sido acordado que o campo de Gantz ficaria com os ministérios da Defesa e da Justiça foram surgindo críticas quer no Likud, o partido de Netanyahu, quer à sua direita. Por exemplo, o Yamina, apesar de ter apenas seis deputados eleitos, esperava conseguir quatro ministérios. Caso contrário, ameaçou a deputada Ayelet Shaked, será impossível fazer parte do governo. "Não nascemos ministros. 'Oposição' não é uma palavra suja.".Colonatos em acordo salomónico.Seguiu-se a questão dos colonatos, que separa os dois políticos. Para Netanyahu e os seus aliados ultraortodoxos a expansão dos colonatos é uma política legítima e inegociável. Ao fim de vários dias, foi noticiado que Gantz estaria disposto a chegar a um compromisso sobre a anexação da Cisjordânia..O antigo general opõe-se à política dos colonatos, mas reconhece que os partidos de direita e extrema-direita têm uma maioria de apoio a essa medida, graças aos votos dos desertores do Telem Yoaz Hendel e Zvi Hauser, bem como dos sete deputados do nacionalista e secular Yisrael Beytenu. No entanto, segundo noticiou o Canal 13 israelita, só aceitará qualquer nova medida depois de a pandemia do coronavírus ter terminado, e só está disposto a aceitar colonatos localizados a oeste do muro da Cisjordânia, em articulação com o Ministério da Defesa, o qual deverá chefiar..As mais recentes notícias indicam que se terá chegado a acordo total neste capítulo com a formulação de que o governo agirá "em acordo com os EUA e em conversações com a comunidade internacional, preservando ao mesmo tempo os interesses estratégicos e os acordos de paz"..A luta pelo Supremo Tribunal.Na segunda-feira, o acordo de coligação entre Benjamin Netanyahu e Benny Gantz estava "totalmente decidido", conta o Haaretz . Segundo o diário de Telavive, o chefe de gabinete de Gantz, Hod Betzer, dirigiu-se à residência oficial do líder do governo para receber a aprovação final do documento que formalizaria o novo executivo..Só que, para surpresa (a palavra utiizada foi "choque") de Betzer, um assessor de Netanyahu informou que este tinha mudado de ideias sobre a questão relativa à comissão de nomeações judiciais. O chefe de gabinete de Gantz saiu de mãos a abanar e com mais uma crise por resolver..Para a Aliança Azul e Branca a pasta da Justiça é considerada fundamental para assegurar o funcionamento do Estado de direito e terão chegado a acordo com o Likud para a nomeação do advogado Avi Nissenkorn. O Likud estará agora a exigir como contrapartida que os membros da comissão de nomeação de juízes provenham exclusivamente da direita, segundo o Times of Israel . No acordo que Netanyahu recusou assinar a nomeação de juízes para o Supremo Tribunal seria feita em consenso..Não é só Netanyahu, a braços com um julgamento em que é acusado de corrupção, que quer manter influência sobre o poder judicial. Ayelet Shaked, que já foi ministra da Justiça, lembrou que durante a próxima legislatura deverão ser nomeados pelo menos quatro juízes (num total de 15).."Esta é uma oportunidade histórica para constituir uma maioria conservadora", disse a dirigente do Yamina..Páscoa "estranha".O governo de Israel decretou na terça-feira o isolamento total das cidades para evitar deslocações entre as urbes, bem como o recolher obrigatório. As medidas foram tomadas para tentar evitar as tradicionais reuniões familiares que decorrem durante a Pessach, a festa que celebra o êxodo do povo judeu do Egito.."Quero desejar a todos os judeus do mundo uma feliz Páscoa. Mas é estranho, porque essa Páscoa é diferente de todas as demais", declarou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu num vídeo publicado no YouTube.."Não há nenhuma parte do mundo que não esteja afetada pelo coronavírus e isso requer mudanças no nosso modo de viver e de celebrar festas tão antigas como a Páscoa", comentou antes de pedir a todos os judeus espalhados pelo mundo para cumprirem as diretivas dos respetivos governos..O governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reagiu de forma rápida à pandemia, tendo imposto restrições antes de muitos outros países. Mas os bairros ultraortodoxos resistiram às medidas de distanciamento social, e em especial ao encerramento de sinagogas e escolas religiosas..Mais de um terço dos nove mil casos casos de covid-19 são de ultraortodoxos (ou haredim), um grupo que representa 12% da população do país. A elevada taxa de contágio obrigou à imposição de medidas de exceção junto daquelas comunidades, incluindo uma presença militar reforçada na cidade de Bnei Brak. Segundo especialistas ouvidos pela AFP, a responsabilidade do sucedido deve-se ao ministro da Saúde, Yaakov Litzman, ele próprio (e a mulher) infetado com covid-19. Uns classificam de "fracasso catastrófico" outros falam de uma liderança "trágica", cuja autoridade limitada em comparação com a dos rabinos ultraortodoxos dificultou a sua capacidade de persuadir os haredim a tomar medidas de proteção.."Penso que o seu fracasso foi não comunicar isso [a estratégia] à comunidade ultraortodoxa... e isso foi um fracasso catastrófico", disse o ex-deputado e rabino Dov Lipman.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acrescentou mais uma camada de incerteza e de cinismo ao dar o dito por não dito e recusar que no futuro governo de unidade o seu principal adversário fique com a nomeação de juízes. Netanyahu e Gantz concordaram em reatar negociações após a Pessach, a Páscoa judaica.."Os dois falaram da necessidade de um governo nacional de emergência para o bem da nação neste momento e concordaram em prosseguir as discussões após o período de férias", de acordo com uma declaração conjunta divulgada na quinta-feira..No final de março tudo parecia encaminhado para a formação de um governo de emergência e de unidade nacional em Israel. Ao fim de três eleições inconclusivas, o homem encarregado pelo presidente Reuven Rivlin de formar governo, Benny Gantz, líder da Aliança Azul e Branca, abdicou da sua promessa de não formar governo com Benjamin Netanyahu..Apesar de existir uma pequena maioria de deputados dos partidos da oposição, a resistência a aliarem-se ao bloco de partidos árabes, a Lista Conjunta, é superior à ideia de um executivo pós-Netanyahu. Perante essa dificuldade e os apelos à formação de um governo de unidade, devido à pandemia, provenientes do primeiro-ministro em funções (e com o aval do presidente), Benny Gantz, como militar que é, respondeu à chamada da hierarquia. "Neste momento de crise, não tive outra escolha senão pôr a política de lado e escolher o único caminho que nos permite evitar as quartas eleições", justificou-se..Com essa jogada, Gantz sacrificou parte substancial dos seus apoios. A começar pela Aliança, que viu os partidos Yesh Atid e Telem abandonarem o barco. Se após as eleições de março Gantz tinha 61 deputados em 120 a apoiá-lo para que formasse um executivo, agora o apoio está reduzido a 20..Esse foi o preço que Gantz se dispôs a pagar pela formação de um governo com um primeiro-ministro que terá de responder em tribunal por corrupção. Apesar de ter dito desde o primeiro momento que não abdicaria dos princípios democráticos e que não assinaria um acordo a qualquer preço..Entretanto, a emergência causada pelo covid-19 e que, nas palavras do chefe do goveno, é a "maior crise sanitária desde a Idade Média" como que passou para segundo plano. As negociações prosseguiram e esperava-se que o executivo tomasse posse antes da Páscoa, com Netanyahu a manter-se na liderança durante os próximos 18 meses, ao que se seguiria um período igual com a liderança de Ganz..Mas depois de ter sido acordado que o campo de Gantz ficaria com os ministérios da Defesa e da Justiça foram surgindo críticas quer no Likud, o partido de Netanyahu, quer à sua direita. Por exemplo, o Yamina, apesar de ter apenas seis deputados eleitos, esperava conseguir quatro ministérios. Caso contrário, ameaçou a deputada Ayelet Shaked, será impossível fazer parte do governo. "Não nascemos ministros. 'Oposição' não é uma palavra suja.".Colonatos em acordo salomónico.Seguiu-se a questão dos colonatos, que separa os dois políticos. Para Netanyahu e os seus aliados ultraortodoxos a expansão dos colonatos é uma política legítima e inegociável. Ao fim de vários dias, foi noticiado que Gantz estaria disposto a chegar a um compromisso sobre a anexação da Cisjordânia..O antigo general opõe-se à política dos colonatos, mas reconhece que os partidos de direita e extrema-direita têm uma maioria de apoio a essa medida, graças aos votos dos desertores do Telem Yoaz Hendel e Zvi Hauser, bem como dos sete deputados do nacionalista e secular Yisrael Beytenu. No entanto, segundo noticiou o Canal 13 israelita, só aceitará qualquer nova medida depois de a pandemia do coronavírus ter terminado, e só está disposto a aceitar colonatos localizados a oeste do muro da Cisjordânia, em articulação com o Ministério da Defesa, o qual deverá chefiar..As mais recentes notícias indicam que se terá chegado a acordo total neste capítulo com a formulação de que o governo agirá "em acordo com os EUA e em conversações com a comunidade internacional, preservando ao mesmo tempo os interesses estratégicos e os acordos de paz"..A luta pelo Supremo Tribunal.Na segunda-feira, o acordo de coligação entre Benjamin Netanyahu e Benny Gantz estava "totalmente decidido", conta o Haaretz . Segundo o diário de Telavive, o chefe de gabinete de Gantz, Hod Betzer, dirigiu-se à residência oficial do líder do governo para receber a aprovação final do documento que formalizaria o novo executivo..Só que, para surpresa (a palavra utiizada foi "choque") de Betzer, um assessor de Netanyahu informou que este tinha mudado de ideias sobre a questão relativa à comissão de nomeações judiciais. O chefe de gabinete de Gantz saiu de mãos a abanar e com mais uma crise por resolver..Para a Aliança Azul e Branca a pasta da Justiça é considerada fundamental para assegurar o funcionamento do Estado de direito e terão chegado a acordo com o Likud para a nomeação do advogado Avi Nissenkorn. O Likud estará agora a exigir como contrapartida que os membros da comissão de nomeação de juízes provenham exclusivamente da direita, segundo o Times of Israel . No acordo que Netanyahu recusou assinar a nomeação de juízes para o Supremo Tribunal seria feita em consenso..Não é só Netanyahu, a braços com um julgamento em que é acusado de corrupção, que quer manter influência sobre o poder judicial. Ayelet Shaked, que já foi ministra da Justiça, lembrou que durante a próxima legislatura deverão ser nomeados pelo menos quatro juízes (num total de 15).."Esta é uma oportunidade histórica para constituir uma maioria conservadora", disse a dirigente do Yamina..Páscoa "estranha".O governo de Israel decretou na terça-feira o isolamento total das cidades para evitar deslocações entre as urbes, bem como o recolher obrigatório. As medidas foram tomadas para tentar evitar as tradicionais reuniões familiares que decorrem durante a Pessach, a festa que celebra o êxodo do povo judeu do Egito.."Quero desejar a todos os judeus do mundo uma feliz Páscoa. Mas é estranho, porque essa Páscoa é diferente de todas as demais", declarou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu num vídeo publicado no YouTube.."Não há nenhuma parte do mundo que não esteja afetada pelo coronavírus e isso requer mudanças no nosso modo de viver e de celebrar festas tão antigas como a Páscoa", comentou antes de pedir a todos os judeus espalhados pelo mundo para cumprirem as diretivas dos respetivos governos..O governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reagiu de forma rápida à pandemia, tendo imposto restrições antes de muitos outros países. Mas os bairros ultraortodoxos resistiram às medidas de distanciamento social, e em especial ao encerramento de sinagogas e escolas religiosas..Mais de um terço dos nove mil casos casos de covid-19 são de ultraortodoxos (ou haredim), um grupo que representa 12% da população do país. A elevada taxa de contágio obrigou à imposição de medidas de exceção junto daquelas comunidades, incluindo uma presença militar reforçada na cidade de Bnei Brak. Segundo especialistas ouvidos pela AFP, a responsabilidade do sucedido deve-se ao ministro da Saúde, Yaakov Litzman, ele próprio (e a mulher) infetado com covid-19. Uns classificam de "fracasso catastrófico" outros falam de uma liderança "trágica", cuja autoridade limitada em comparação com a dos rabinos ultraortodoxos dificultou a sua capacidade de persuadir os haredim a tomar medidas de proteção.."Penso que o seu fracasso foi não comunicar isso [a estratégia] à comunidade ultraortodoxa... e isso foi um fracasso catastrófico", disse o ex-deputado e rabino Dov Lipman.