Netanyahu despede ministro da Defesa e aprofunda crise política

Governante havia apelado a uma pausa no polémico processo de reforma judicial, contestada pela oposição e por multidões nas ruas, agora iradas também pelo despedimento de Gallant.
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Horas após ter sugerido uma pausa na controversa reforma que põe em causa a independência judicial, o ministro da Defesa Yoav Gallant foi exonerado pelo chefe do governo, Benjamin Netanyahu. Uma decisão que poderá polarizar ainda mais a sociedade que se tem mobilizado nas ruas contra o projeto.

A decisão de Netanyahu levou a novas e concorridas manifestações. Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas em protesto. Segundo a Associated Press, em Jerusalém polícia e manifestantes envolveram-se em confrontos junto à porta da residência privada do primeiro-ministro, que beneficia diretamente da futura legislação. Em Telavive, uma autoestrada foi cortada.

O líder da oposição Yair Lapid reagiu ao despedimento, tendo disto que o primeiro-ministro "é uma ameaça à segurança do Estado de Israel".

"A crescente fratura social fez o seu caminho até às instituições [militares] e de segurança. É uma ameaça clara, imediata e concreta à segurança de Israel", disse Gallant, quando apelou para uma suspensão do processo de reforma judicial durante um mês.

Gallant, antigo general e membro do partido de Netanyahu, Likud, sugeriu que as "grandes mudanças a nível nacional devem ser feitas através de deliberações e diálogo". Alguns colegas do partido discordaram e pediram a sua demissão, o que acabou por acontecer, por decisão do primeiro-ministro.

Um alto funcionário da Defesa, ouvido pelo Times of Israel, concorda com a ideia de que o país está fragilizado pelas divisões. "A situação interna tornou-se um elemento central, todos os intervenientes apontam para o facto de Israel se encontrar numa grave crise e, na sua opinião, poderá levar ao colapso de Israel. Eles reconhecem uma oportunidade. Há danos na [capacidade de] dissuasão e há ataques a serem planeados, com base no pressuposto de que Israel está paralisado", disse, tendo ainda assegurado que esta opinião é partilhada pelas chefias do exército, dos serviços de segurança interna (Shin Bet) e da Mossad.

O governo prevê para esta semana a realização de uma votação parlamentar que dará à coligação a última palavra sobre todas as nomeações judiciais e autoridade para anular as decisões do Supremo Tribunal.

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