"Nenhum governo tem apostado na prevenção do VIH"
Em Portugal, não se veem atualmente muitas campanhas de sensibilização para o VIH. Porquê?
Essencialmente por falta de financiamento. Nenhum governo tem apostado na prevenção do VIH e na tomada de consciência social da infeção. Hoje é extremamente complicado estarmos presentes na televisão em prime time. Não nos compensa fazer um spot para passar às duas da manhã.
Qual a importância destas campanhas na luta contra o VIH?
Sem as campanhas não conseguimos chegar a todos os públicos. A importância que assumem é mais pelos direitos, advocacia e no âmbito da comunicação, como, por exemplo, a "banalização", no sentido de retirar a conotação negativa da palavra preservativo ou mesmo do VIH.
É primordial apostar na sensibilização e prevenção?
Claro que sim. Não apostar na prevenção é considerar que não há alternativas viáveis de combate à infeção. No entanto, a prevenção pode assumir várias formas como a PreP, os microbicidas, ou a própria medicação antirretrovírica em pessoas portadoras do VIH.
As campanhas devem começar nas escolas?
Defendemos a intervenção precoce na área da sexualidade. Ou seja, o contacto na infância com diferentes formas de amar, preferências sexuais e modos de estar na vida.
O que falta fazer em Portugal?
Falta apostar financeiramente e monitorizar as campanhas. Sem financiamento é muito difícil fazer um trabalho concertado na prevenção. Portugal pode congratular-se por ter conseguido controlar a infeção e por já ter indicadores de uma diminuição progressiva, lenta mas progressiva. Falta-nos dar o salto para intervenções dirigidas e que permitam uma resposta para cada público.